domingo, 14 de dezembro de 2008

Recordar é viver...

Caros amigos,
Este post já era para ter sido inserido ontem, mas cheguei a casa tarde e não deu.

Quem me tem acompanhado nos últimos tempos, quem tem conversado comigo, quem tem confraternizado, ou até mesmo só bebido uns copos se calhar já notou que ando numa fase nostálgica. Como a própria palavra o indica, “nostalgia é um sentimento que surge a partir da sensação de não poder mais reviver certos momentos da vida. (…) O interessante sobre a nostalgia, é que ela aumenta ao entrar em contacto com sua causa (in http://pt.wikipedia.org/). Ou seja, é o que me acontece muita vez quando me desloco a São Paio. O resultado é que tento viver intensamente os momentos que lá estou.

Na última vez que lá estive, estava eu no Café Cruzeiro, e em consequência da conversa que se estava a ter (eu, o Tóino e o Vítor das Ermidas), relembrou-se tempos e o saudoso Jaime “da cadeira-de-rodas”.

Para muito que lêem este blog, se calhar não vos diz nada, até mal se lembram do Jaime, mas os que são da minha geração (mais ano, menos ano) e claro está, os mais antigos, recordam-se bem do Jaime.

Ontem, dia 13 de Dezembro, passaram 14 anos desde que ele nos deixou. É verdade, já foi no longínquo ano de 1994. Eu próprio não tinha a noção que já tinha passado tanto tempo, mas verifiquei na sua lápide no cemitério.

O Jaime passou metade da sua vida agarrado a uma cadeira de rodas, devido a uma paralisia dos membros inferiores, resultado de um acidente de mota e, tal como ele me chegou a contar, quando foi projectado, bateu num pinheiro e diz que nunca mais sentiu as pernas. Ocorreu pouco depois de regressar da Guerra de Ultramar. Coisas da vida…

Onde é que o Jaime se cruza com a minha adolescência? Eu, como alguns sabem, passava todo o tempo disponível (leia-se, férias de escola e alguns fins-de-semana) em São Paio. Muita vez ficava por ali no café à tarde e era onde o Jaime “matava” o seu tempo. Estava sempre disposto para uma cartada, para uma cerveja, para um petisco ou simplesmente para conversar. O Jaime tinha e tem amigos (os amigos nunca se esquecem!) que não era devido à sua condição física que o abandonavam. Lá agarravam no Jaime e o levavam para uma patuscada, para uma volta, uma festa e ele ia todo satisfeito.

Pessoas de São Paio, que fizeram parte da vida desta aldeia, do quotidiano de uma geração, que hoje recordamos. Agradeço a quem me cedeu / digitalizou / enviou estas 2 fotos do Jaime. Uma é a do seu bilhete de identidade, a outra numa deslocação a Fátima com a sua irmã /cunhado e sobrinhos.

Um abraço,
JC
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3 comentários:

Anónimo disse...

Pois é Jorge... partilho a tua nostalgia, lembro-me do meu pai me contar as subidas do cascalhal em que empurrava a cadeira do Jaime para irem juntos à festa das Ermidas...
Acho que a nostalgia faz parte da vida, como dizia o outro "recordar é viver"... obrigada por me fazeres recordar também.
Beijinhos

Anónimo disse...

Pois é Jorge, é sempre bom recordar e mais quando são amigos que sem poderem, nos visitam no hospital.Nunca esquecerei todos os momentos que vivi com o Jaimito da cafeira de rodas, pelos jogos da lerpa, pelas noites em que precisava de companhia para poder estar até mais tarde na cama no outro dia. Nunca esquecerei quando às vezes íamos já tarde "estrada abaixo" todos juntos para poder acompanhar o Jaime.Também nunca esquecerei um pai que de inverno, saía de sua casa, para na maior parte das vezes vir buscar o filho ao café.Realmente precisamos de nunca esquecer tanto o Jaime mas também outros que partilharam a sua vida connosco. Um abraço pela ideia de te lembrares dele.

Anónimo disse...

Este comentário anterior é meu, só que falhei a colocá-lo. Os velhos não percebem nada disto.
Uma barço Catela