terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Divulgações... Tuna de S. Martinho

Meus amigos,

Chegou ao e-mail do blog um pedido de divulgação por parte da Tuna de S. Martinho, que segundo o que diz o programa vão passar os três primeiros domingos do ano a animar algumas povoações a cantar as Janeiras.

Quem quiser acompanhar, aqui fica o programa de dia 2, 9 e 16 de Janeiro!

Um abraço,
JC

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A tradição ainda é o que era...

Meus amigos,

Já lá vai a noite de Natal! Espero que todos tenham passado bem esse momento em que as famílias se juntam, umas mais numerosas, outras mais divididas, mas lá se arranjam todos à volta da mesa.

Os mais novos esperam que os seus pedidos sejam tornados realidade pelos mais velhos! Os de meia-idade, como eu, já nem sei do que esperamos… mas cada um deve ter no seu íntimo algum desejo, seja ele material ou não!

Relatando como era há uns anos atrás em minha casa, o jantar na noite de Natal era em família. Depois, o pessoal começava a dispersar para o descanso (ou seja, xixi e cama!), e eu ia até à povoação. Havia a hipótese de se beber algo no Café Craveiro, que normalmente mantinha as portas abertas nesta noite ou de se ir até ao pé do lume, os famosos cepos de Natal! A ordem era para perto da meia-noite começar o ajuntamento para se ir tocar o sino!

Olha, depois de um Natal em que tal não foi possível realizar, este ano, os cepos voltaram ao adro da Igreja a fim de dar cumprimento a tão antiga tradição. Patrocinado pela firma Madeiras de S. Paio, Lda, lá se transportaram os cepos, entre eles também o do sobreiro que caiu nas Ermidas, já em Janeiro do ano passado. O mesmo estava guardado para esta ocasião.

A população, principalmente a mais jovem, aderiu em massa à tradição.

Meia noite, hora de tocar o sino, com o Zé Alberto e o Paulito "Cascavel" na torre! E por ali se foram mantendo pela noite fora em volta dos cepos!

Um abraço,
JC



sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL!!!!!

Meus amigos,

Venho ao blog simplesmente para vos deixar uma mensagem de Natal, nesta quadra tão especial!

O que realmente importa nesta época são os sentimentos que brotam dos corações de cada um de nós. No meu, está presente o da amizade que tenho por vocês!

Hoje não é dia para grandes textos!

Feliz Natal!!! A prenda maior que vos posso dar, é continuar atrás deste teclado!

Um abraço,
JC

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Fresquinho...!

Meus amigos,

Se por um lado o mau tempo na Europa está a estragar os planos de férias de Natal a muitos, nós por cá simplesmente vamos sentindo o efeito do frio e da chuva...

Foi exactamente o que aconteceu neste fim-de-semana em que fui a S. Paio numa visita, passo a expressão, pré-Natal! Como o Natal vai ser por Lisboa, fui dar um abraço ao pessoal!
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Saí de Lisboa às 22:40 de sexta-feira. À saída da garagem, o termómetro no carro marcava 16ºC! Nada mau para a hora avançada do princípio da noite.

À medida que os quilómetros iam passando, a chegar a Coimbra já o termómetro marcava 0ºC… era meia-noite! Passo Penacova -1ºC!!! Fresquinho… e finalmente S. Paio e -2ºC! Felizmente, graças ao Zé Alberto, a minha lareira já estava acesa desde da hora de almoço! O cheiro a lenha queimada já envolve a povoação! Gosto disto!

Isto tudo para vos dizer que na manhã de sábado, acordei com um manto de geada cá fora… tudo branquinho! Até às 11H a temperatura mantinha-se nos 1ºC. Aproveitei para ir aquecer os pés até à feira de S. Pedro d’Alva! Também um dia destes escrevo sobre este evento mensal que sempre funcionou também como um promotor cultural entre as pessoas.

De resto, fim-de-semana culturalmente muito rico, desde umas assaduras à cabidela, um passeio TT a passar na Ferrugem e uma Exposição / Venda de móveis elaborados a partir de pipos velhos que aconteceu no Café Cruzeiro (voltarei a este assunto brevemente).

Até breve! Ficam algumas fotos da geada!

Abraço,
JC
  

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Salgadeira, essa arca-frigorífica de classe A+...

Meus amigos,

Venho ao blog escrever sobre um assunto, ou melhor, sobre uma tradição que também estará em vias de extinção, mas durante muitos anos foi prática comum anual na nossa terra: o uso da salgadeira! Há umas semanas vi esta foto numa página do FaceBook e claro está que a minha cabeça desmoronou-se em lembranças!

Hoje em dia, existem arcas frigoríficas, mas antigamente quando se matava o porco em casa, parte da carne era guardada em salgadeiras, que mais não era do que uma arca de madeira que se enchia de sal! O sal fazia a conserva, assim como também se utilizava o toucinho derretido para se guardar febras e costelas durante algum tempo e o azeite era usado para conservar alguns enchidos depois de retirados do fumeiro! Um dia…apareceram os frigoríficos e arcas congeladoras!

Mas porque é que as salgadeiras tinham assim um papel tão importante? De entre todos os animais domésticos que lá em casa se criavam, havia um que entrava num ciclo anual: nascia (ou comprava-se), crescia, engordava e depois matava-se! Estou a falar do porco! Estes animais só se utilizavam para alimento, nada mais! Na cozinha do forno toda a minha vida (enquanto os meus avós foram vivos), conheci uma panela de ferro, de 3 pernas, à qual chamávamos a panela do porco. Era para ali que iam algumas águas de lavagem, restos de comida, batatas, maçãs, couves bichadas, cascas, etc… tudo servia para depois se levar ao curral do porco e deitar-lhe para a sua alimentação. Lembro-me do meu avô ir “deitar a lavagem” ao porco, e ao que tirava da panela de ferro, juntar sempre uma mão ou duas de farinha para dar mais consistência. Ele lá ia crescendo… fosse ele de boa boca e que não apanhasse nenhuma praga!

Chegado o mês de Dezembro, já se combinava o dia em que o animal seria sacrificado! Era um dia de festa! Uma festa íntima, família, uns amigos mais chegados… Lá se ia logo de manhã buscar carqueja (já explico porquê), preparava-se o banco, e começava a chegar o pessoal… Hora da sentença do bicho, tirava-se do curral, normalmente ia um a cada pata e o mestre, o meu tio Zé era o homem da faca. Lembro-me que ele preparava a faca que vinha sempre protegida numa capa de pele, afiando-a bem nos seus dois gumes.

Olha bem, porco agarrado e deitado de lado em cima do banco de modo a que a parte superior do peito ficasse à mostra e disponível! E assim se sangrava o bicho, e aproveitava-se o sangue para uma gamela de madeira quadrada que acho que ainda anda lá em casa. Esse sangue tanto servia para depois fazer as morcelas, como para fazer sangue cozido (isso mesmo, sangue cozido… bem espremido, com um pouco de alho e azeite e é um petisco do melhor)! Porco morto, sangrado, tapava-se o buraco da facada com um pouco de jornal ou até às vezes com um carolo do milho!

Agora era a hora de se utilizar a carqueja apanhada na manhã. O porco tinha de ser limpo dos pêlos e de toda a sujidade superficial da sua pele. Hoje, versão moderna, esta tarefa é normalmente feita com um maçarico, mas o tradicional é o tradicional… um homem que, com o auxilio de dois paus compridos passava pequenos molhos de mato a arder pela pele do porco… a seguir vinha o resto do pessoal munido de telhas meia-cana ou raspadores em metal, raspar a pele para tirar a sujidade e o pêlo queimado! Água, lavar, água quente para lavar as orelhas que eram logo abertas ao meio e a queixada…

Chegava a hora de o pendurar… tendões das patas traseiras à mostra e chambaril enfiado!

Abria-se o porco, tirava-se a tripalhada toda (que seguiam para a lavagem, mas esta parte conto em outra ocasião), pulmões, fígado, etc, etc… Lá diz o ditado antigo: “se queres ver o teu corpo, mata um porco”!

As primeiras assaduras começavam a sair e o porco ficava a “secar”, a escorrer umas 24 horas! Depois no outro dia, o animal era desmanchado, e a maior parte da carne começava-se a arrumar na salgadeira… Em camadas, ora de carne, ora de sal (daquele grosso!!). Os presuntos, lembro-me que eram esfregados com alho e também ficavam na salgadeira. Passados uns meses já estavam bons para se comerem.

Esta lengalenga toda para vos falar do papel importante da salgadeira que assim mantinha e conservava a carne durante o ano todo. Quando estava vazia, também era sinal que outro porco estava para ser morto.

Acredito que será uma das tarefas que nem todos gostam, especialmente quando o porco está para ser morto pois quase que toda a aldeia consegue ouvir os guinchos do animal, mas era assim que os nossos familiares antigos viviam no campo. A tradição, em algumas casas ainda se mantém… e muito bem!

Não sei se repararam mas, aproveitando o tema, fiz uma “chouriça” com o texto: comecei a falar da salgadeira e acabei nela! Há coisas fantásticas…!

Um grande abraço a todos,
JC

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Convivências.. em adegas!

Meus amigos,

Hoje venho ao blog para vos falar de uma actividade muito comum em tempos que já lá vão mas que alguns ainda, a muito custo, tentam manter: o convívio nas adegas!

Desde novo sempre me lembro de qual fosse a casa, oferecia-se sempre um copo e uma bucha para empurrar! O local de convívio era a adega. Não se ia para a cozinha, para a sala ou qualquer outro sítio: era na adega! Preparada sempre com uma mesa, fosse ela em madeira ou em cimento... e algumas até sem mesa. Mas havia sempre um elemento essencial: um copo ou púcaro… uma vasilha qualquer! E assim se enxaguava o copo, volteava-se a torneira do pipo (e torneira que se preze tinha de chiar…) e se enchia o copo. Ás vezes o mesmo copo servia para vários sendo o gesto de encher repetido tantas vezes quantas fossem precisas.

Com a pinga, havia por vezes algo para mastigar… umas azeitonas com broa, um pouco de presunto ou um queijo que estava a secar na tábua! Tempos… ainda no ano passado fiz uma rota(zinha) por algumas adegas, o que me valeu até rasgados elogios por parte de um proprietário (não pelo facto da visita, mas pela quantidade de copos bebidos...). Mas soube bem… contam-se umas histórias, recordam-se momentos, entre um copo e outro e lá se passa o tempo.

Há 2 adegas que gosto de visitar em S. Paio. Nada tem haver com o vinho dessas casas mas pela adega em si! Uma é a do ti’Zé Sevlho, chão em terra que mais parece cimento, uma mesa em cimento chumbada no chão (um factor de extrema segurança para mim… posso me encostar à vontade!), fresquinha, e o cheiro... a adega! Aquele cheiro característico… Muito bom! Outra, uma adega única pela sua arquitectura, a do ti’Joaquim “do Valeiro”! Também em terra, com um desnível ao longo da mesma que não dá muito jeito depois de uns copos, atravessada no tempo da chuva por um rego de água… Do melhor!

Depois, claro que há já umas versões mais modernas de adegas que também são muito boas… não me posso esquecer que este blog nasceu numa noite que culminou numa dessas adegas!

Hoje, estes convívios foram transferidos normalmente para anexos que as casas têm, com mais conforto, as próprias adegas têm outras condições e estrutura, havendo também mais copos à disposição! Os pipos de madeira em muitas casas deram o seu lugar a cubas de aço inox, o chão já não é de terra pisada e repisada, e muitas vezes já nem se vai ao pipo mas sim à garrafeira buscar aquela garrafa de marca, reserva não-sei-de-quando que estava ali à espera de uma ocasião para ser aberta. Talvez uma monocasta, coisa rara nas colheitas caseiras… Mas o que interessa é que estes convívios não se percam no tempo pois felizmente há bons produtos da lavoura vitivinícola! Muito proprietário, não deixou que as suas vinhas se transformassem num matagal e há mesmo muita vinha nova na nossa freguesia.

Um bom resto de feriado!

Um abraço,
JC

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Os pastores produzem riqueza...

Meus amigos,

Esta foi uma frase que li já nem sei bem onde mas que gostei e hoje partilho com vocês. Venho de uma família de pastores e agricultores, como todos devem saber. Era a actividade dos meus avós e que os sustentou uma vida toda. Guardo muitas recordações na minha cabeça de tardes e tardes a guardar o gado com a minha avó, gado esse que com o passar dos anos foi sendo cada vez menos. A minha avó só deixou de sair com o gado para o monte já com 90 anos. Era o que os mantinha activos e com força para lutar no dia-a-dia.
Hoje em dia ainda há alguns rebanhos bem numerosos em S. Paio, mas venho-vos falar de um que já há muitos anos habita uma das zonas mais privilegiada (em termos de recursos naturais e paisagem), as encostas da Quinta do Barreiro.

Grande parte dos terrenos nesta zona pertencem a Jaime Duarte Baltazar, e nos quais desenvolve uma actividade de gestão florestal. Quem tem uma actividade destas, há sempre um inimigo que pode destruir em poucos minutos o trabalho de uma vida: o fogo!

Claro está, que manter uma mata cuidada, limpa é dispendioso se a limpeza for efectuada mecanicamente. Uma maneira de juntar o útil ao agradável é ter “limpadores naturais” do terreno, que é como quem diz, dedicar-se ao pastoreio e o gado caprino, além de ajudar e incrementar o desenvolvimento económico e rural da região, deixam o local onde andam a pastar livres de vegetação, zonas que eram de potencial perigo de incêndio. Além disso, fazem a manutenção selectiva das espécies de arbustos pois o tipo de alimentação do gado é diferente de verão e de inverno.

Imaginem também a vantagem que não é o pastoreio pois se caso a vegetação fosse mantida constantemente por corte mecânico, a acumulação de restos do corte seria muito maior, e isso mais não é do que biomassa que serve também como combustível para os incêndios florestais.

Estas serras sempre tiveram gado, pois lembro-me do ti’Zé Sevilho que quase todos os dias levava o seu rebanho desde da Gandara de Cima para a Quinta do Barreiro e lá as deixava. O sentido de orientação destes animais levava-as a regressarem à Gandâra de Cima ao anoitecer. Às vezes estava lá por casa do ti’Zé e lembro-me de ele dizer “eu só vou ali adiante esperar o gado…”. E lá se começava a ouvir os chocalhos.

Acho que houve uma vez que qualquer coisa as deve ter desorientado e então vieram sempre pela cota da água da barragem até à zona do lagar de S. Paio e subiram até à povoação, tendo aparecido junto onde hoje está a rotunda. Os GPS também falham…

É sempre bom ver o que é tradicional e rural…

Agradeço ao Jaime e ao Zé que tornaram este post possível…

VEJAM UM PEQUENO FILME AQUI  E AS RESTANTES FOTOS AQUI!

Um abraço,
JC