quinta-feira, 10 de maio de 2012

A feira… de S. Pedro d’Alva


Meus amigos,


Já há uns tempos andava para escrever sobre a feira mensal de S. Pedro d’Alva. Não é sobre a nossa aldeia mas é um evento que nos abrange a todos e quanto mais recuarmos no tempo, maior importância ele assume.

A feira mensal que ocorre em S. Pedro d’Alva, ao sábado, entre os dias 22 e 28 de cada mês, não só é um local de transacções económicas, ou seja, de compra e venda, assim como se torna num local de convívio e de alguma actividade paralela. Eu já explico isto.

Lembro-me da Feira ser realizada ainda no centro de S. Pedro d’Alva, tendo o Largo em frente à Caixa Agrícola e no Largo em junto dos Correios a maior  concentração de feirantes, a parte de “comes-e-bebes” ficava ali onde hoje é o jardim com as casas de banho públicas, estendia-se cá para cima até junto da igreja e lá por baixo até à Fundação.

Era uma aventura nestes dias atravessar a feira de carro, pois, por exemplo quem queria ir para Hombres não havia alternativas, ou mesmo só até ao fundo do povo.

Era um local mítico, que talvez ainda traga saudades a muitos.
Depois, a feira passou a ser no local onde ainda hoje é realizada, à entrada da povoação, junto ao cemitério.

Mas falemos um pouco da importância da Feira. O mercado da Distribuição Moderna, chega a estas localidades muito mais tarde. Hoje com as vias existentes, facilmente se chega aos grandes centros onde a oferta é mais que muita.  Todas as localidades têm cafés, mini-mercados (a venda…!), mas a feira era sempre a feira.. para comprar um pouco de bacalhau, para ir buscar umas couves, cebolo ou alfaces para plantar, alguma árvore de fruto, pitos,  os talhos ambulantes, ferramentas, móveis e a roupa. Quem dos mais antigos nunca foi à feira comprar um fato ou pelo menos um casaco “de qualidade”? Perguntem aos pais e avós onde foi comprado aquele casaco de pele que eles vestem há anos… Regatear o preço na feira também é permitido!

Numa época em que as povoações viviam muito da agricultura, a feira assumia um papel importante pois também era o local onde podiam realizar algum fundo de maneio para as despesas daquilo que a terra não dava, como alguma massa, arroz, café e o açúcar… Aproveitava-se para vender os queijos frescos (ou secos) que se faziam em casa, vender uns ovos, etc… Era assim que se vivia em tempos que já lá vão mas bem presentes na memória de muitos. Acho (e aqui posso estar enganado) que logo de manhã também se realizava a feira dos bois. Ou seja, a oportunidade de se vender / trocar os animais que faziam parte fundamental de uma casa que trabalhasse na agricultura. Só um pequeno comentário, tenho pena e não sei se haverá alguém que tenha uma fotografia da última junta de bois que existiu em S. Paio. Se não estou em erro, deverá ter sido do Zé Neves. Do que eu me lembro ainda bem, eram as juntas do Zé Neves, Zé Manel, Zé Bandeira, Quim Neves e do Luis das Ermidas… não me recordo assim de mais ninguém … posso estar errado. Estou a falar de década de final de 80, princípio de anos 90.

Voltando à feira, quando eu falei de convívio e negócios paralelos, era também por esta ocasião que se ia à feira para se ver o senhor X ou Y e tentar fazer alguns negócios, fossem eles de venda de terras, madeira, encomendar um serviço de tractor, etc… Os telemóveis não existiam e fazer negócios há uns anos era na presença da pessoa e selado com um aperto de mão…  


As feiras constituíram-se num espaço de encontro de produtores, consumidores e distribuidores, ao mesmo tempo em que procuravam superar as dificuldades de comunicação.

Muitos que iam à feira prolongavam a sua passagem por lá e aproveitavam para comer um frango de churrasco em algumas das tendas que eram autênticos restaurantes.

Por tudo isto, a feira assumiu sempre um papel fundamental e a sua importância económica é inquestionável.

A próxima é dia 26 de Maio…!

Vamos passar por lá…!

Um abraço,
JC

4 comentários:

Catela disse...

Excelente postagem Jorge.
A espera e ansiedade, terminam sempre assim numa coisa boa.
Claro que falas do que eram as feiras mas, agora são um pouco diferentes por causa dos "lelos".
E negócios selados com aperto de mão, também não acredito.
Sabes os homens são diferentes, muito diferentes!
Um abraço

kordeiro disse...

;-)

Sobre os apertos de mão, ainda há homens de palavra. E isso basta...!

Um grande abraço!

Anónimo disse...

e os bois do campones ????

kordeiro disse...

esses já não são de minha lembrança, mas aqui fica o apontamento da minha falha! obrigado!