Meus amigos,
Hoje venho ao blog para continuar uma saga que comecei já este ano sobre “trabalhos do campo”!
Se no principio deste ano vos falei sobre a apanha da azeitona, este processo ficou sem a respectiva conclusão que é o trabalho após a apanha: o lagar!
Então, depois de apanhar a azeitona, temos de a levar ao lagar. Normalmente ela é ensacada e assim transportada ao lagar. Chegado a este (e aqui posso começar a divagar um pouco pelo que agradeço correcção caso diga alguma barbaridade!), a azeitona é lavada afim de se limpar alguma impureza que ainda resista no fruto, é pesada e triturada! Esta trituração vai permitir obter uma massa / pasta homogénea (moenda). Este grau de trituração ou moagem é ajustado consoante o estado de maturação da azeitona. Ou deveria ser…
Esta massa é batida e aquecida simultaneamente numa termobatedeira durante cerca de 45 minutos a uma temperatura inferior a 30ºC. Este processo é para garantir uma melhor qualidade do azeite!
A seguir a este passo do processo, tem-se que “encapachar” a massa… É isso mesmo, colocar a massa em capachos! Disto lembro-me de ir algumas vezes ao lagar de azeite do Silveirinho e logo à entrada era possível observar este processo. Uns capachos redondos, com um buraco no meio, e lá estava um senhor que, com bastante habilidade, colocava uma camada da massa em toda a volta do capacho e os ia empilhando num prato! Hoje sei que é um prato de uma prensa hidráulica. Dava um quadro engraçado, ver os capachos todos empilhados, todos certinhos!
Chegou a hora de eles serem apertados, literalmente! Seguem para a prensa (hidráulica)! A prensa começa a subir, e os capachos começam a ser apertados, comprimidos, “entalados”, de modo a garantir que há a separação entre os sólidos e os líquidos. Neste processo obtém-se 2 subprodutos, uma mistura de água e azeite de cor negra, e o bagaço. Este bagaço não é mais do que partes da polpa da azeitona, epiderme e o caroço (que não dá muito jeito que vá junto do líquido precioso)!
Depois há que fazer o processo de separação entre o azeite, a água e restantes impurezas. Um processo que é algo demorado. Utiliza-se, no lagar, a diferença de densidades da água e do azeite para se fazer uma primeira decantação. Nesta fase não estão retiradas todas as partículas e impurezas ao azeite. A centrifugação do azeite é que vai permitir obter um produto puro e pronto a utilizar. Após todo este trabalho o azeite está pronto a ser consumido.
Só umas curiosidades sobre o azeite (algumas são pessoais e por isso não façam disto uma regra): o azeite é talvez das gorduras mais saudáveis que temos. O azeite contém gorduras monoinsaturadas, um tipo de gordura saudável que consumido em moderação (nunca esquecer que a dose faz o veneno…), pode reduzir o risco de doenças cardíacas, pois favorece a redução do LDL (se vocês virem os resultados das análises do sangue, vem lá este parâmetro), que não é mais do que o colesterol “mau”! Além disso, o azeite tem uma série de anti-oxidantes que favorecem o desempenho do nosso organismo, como os polifenóis.
Hoje em dia tem-se o hábito de quem compra azeite achar que quanto mais amarelinho, melhor! Pois, esse azeite, quando está muito amarelinho é porque já sofreu oxidações por exposição à luz e por consequência, perdeu algumas das suas melhores qualidades. Por isso é que o azeite deve ser guardado em recipientes escuros, protegendo assim da luz! Se o azeite tiver uma cor esverdeada, melhor!
Outra situação que tem ligação com a parte comercial deste produto, para mim só deveria haver a classificação de Extra-Virgem e Virgem, pois esses são os verdadeiros, como nós os conhecemos na nossa terra. Tudo o resto que tem uma denominação de venda “Azeite” são provenientes de azeite refinados e esse é um processo que purifica o azeite, em toda a sua plenitude! Ou seja, limpa as impurezas e limpa o que é bom! É um processo que “limpa” também as vitaminas e os anti-oxidantes naturais do azeite!. E a meu ver, o grau de acidez também não é importante… mas é uma opinião pessoal!
De resto, venha bacalhau para se fazer uma tibornada e regar com azeite novo! E uns tintos, também!
As fotos são do Alexandre e já estavam a criar pó na minha pen desde do ano passado!
Um abraço,
JC
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6 comentários:
Parabéns Jorge, a descrição está perfeita. Nem me atrevo a opinar. Apenas uma pequena nota: vais deixar (muito) decepcionados aqueles que pensavam que o azeite nascia dentro do raio da garrafa na prateleira do super-mercado...
:o)
obrigado!
Ora aqui está um banquete de cultura. Obrigada pelo post! Fiquei definitivamente mais rica neste conhecimento! Post de Grande Qualidade!
Parabéns, excelente texto!
já para não se falar nas fotos...!
:-p
As fotos tiveram o mesmo tratamento que um bom vinho, estágio numa pen para amadurecerem ;)
Por falar nisso, para quando o próximo capítulo da confraria? O telhado da sede ainda não sedeu? Ou é desta que vamos abrir mais filiais?
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