terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Trabalhos do campo...

Meus amigos,

Como o prometido é devido, cá estamos a iniciar uma nova saga: trabalhos do campo! Será mais lógico! Criou-se mais um tópico e está a andar de mota…!

Se todos os trabalhos do campo, sempre houve um pelo qual nunca morri de amores. Os restantes, com mais resmunguice ou menos, lá metia a mão na massa, mas há um que ainda hoje.. só se não puder!

Estou-vos a falar da apanha da azeitona! Obviamente que o tempo de apanhar a azeitona não é agora, é lá para Novembro! Ora, quando as ditas começam a ficar pretas, há que apanhá-las.

A maneira mais fácil seria usar um equipamento próprio que faz estremecer a oliveira e que assim faz cair a maior parte do fruto. Já vi fazerem mas sinceramente acho que aquilo não deve fazer bem nenhum à árvore. Por isso, fazemos o trabalho à moda antiga.

Primeiro, uns dias antes convém limpar o terreno à volta das oliveiras das ervas e afins que por ali teimam em crescer. Esta tarefa facilitará mais tarde a apanha de alguma azeitona que possa cair no chão, fora dos panais. Chegado o grande dia, começa-se por se estender os panais em redor da oliveira e depois tem-se de começar a “deitar abaixo” a azeitona. Lá em casa, tenta-se tirar toda a azeitona à mão. As oliveiras, tirando uma ou outra, também não são muito altas, devido à limpeza de ramos velhos e mesmo corte que levam na altura certa. Com a ajuda de escadas, (hoje de alumínio, mas ainda lá tenho duas feitas de madeira de pinheiros cortados na Gandara), lá se vai chegando a todos os ramos e assim retira-se a azeitona. Há umas pontas mais altas ou onde a escada não tem firmeza, então essas deitam-se ao chão com o auxílio de uma vara, a varejar de fora para dentro da oliveira ou então vai-se buscar a azeitona à Estrela d'Alva ou a S. Pedro d'Alva.

Este trabalho não é fácil pois o cansaço nos braços e as dores nas costas não tardam a aparecer. Outro perigo, como o trabalho é feito em cima das oliveiras, por vezes as quedas acontecem. Em nossa casa, o meu pai há uns anos veio em queda livre de uns 5 metros de altura. Felizmente caiu de pé, sem consequências de maior. Nem sempre é assim… As oliveiras, algumas delas com muita idade, partem facilmente nos ramos mais fracos. E depois como este trabalho é realizados por volta do mês de Novembro, é habitual as oliveiras estarem com humidade do orvalho que cai durante a noite ou mesmo da chuva, o que torna toda a ramagem escorregadia!

Deitada a azeitona abaixo, é hora de enrolar os panais e recolher o fruto. E assim se vai andando de oliveira em oliveira. No final do dia há que erguer a azeitona, que não é mais do que fazer uma limpeza. Há que separar alguma folha ou mesmo pequenas ramagens que estejam misturadas. Hoje há uns moinhos manuais para fazer esta separação, mas antigamente ainda me lembro dos meus avós a erguer a azeitona à mão. Apanhavam um pouco de azeitona e aproveitando a ajuda do vento, atiravam a azeitona ao ar. O vento levava as folhas e assim a azeitona ficava “limpa”. Quando a azeitona é boa, isto é, grande e gorda, e que já está toda amadurecida, o ideal é levá-la logo ao lagar. Quando é preciso aguardar uns dias, os métodos mais usados é colocá-la em recipientes com água ou então, espalhá-la e colocar um pouco de sal. Na última safra, a azeitona foi muita e boa!

A fase do lagar, ficará para um próximo post. Há que fazer render o peixe e assim vocês também não se chateiam de ler tanto!

Um abraço,
JC
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5 comentários:

Anónimo disse...

a bela da azeitona vindo da azeitoneira...

Alexandre disse...

Nota-se que não gostas da apanha da azoitona e que foges sempre com o cu a seringa! Não apareces nas fotos... Ficar por traz da camara é sempre uma boa desculpa... lol

kordeiro disse...

estás enganado... nem atrás da câmara!!! Foi o Zé que tirou as fotos!

José Sousa disse...

É com muito prazer e orgulho que vejo gente do meu concelho, e de lugares que bem conheço, vesitarem o meu blog e deixarem um comentári.
Gosto de estar a pár do que decorre na zona onde tenho raízes, por isso este é um blog que irei acompanhar com muto gosto.
Um Abrção e um dia nos conheceremos.
Força e boa continuaçõ.

Fernando Castanheira disse...

Muito bom ! Deu pra matar saudade dos tempos de infância ! Na época a "apanha" era toda à mão ! Mas bom mesmo era ir ao cântaro delas e apanhar um punhado pra comer com brôa . Tudo isso, bem ali, no Silveirinho .
Fernando A.Castnheira