quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A fornada...

Há coisas na vida que com o tempo vão sendo cada vez mais raras…. Muitas mentes estarão neste momento a divagar por pensamentos, mas o que me refiro é mesmo ao cozer a broa em casa.

No fim-de-semana prolongado de 15 de Agosto, como alguns sabem e viram, estive em S. Paio. A minha mãe, na manhã de sábado amassou e cozeu broa lá em casa. Uma coisa normal quando estamos em S. Paio. Hoje em dia, algumas das matérias-primas não serão de tão boa qualidade como é o caso das farinhas e do tempo em que o moleiro ia à porta, primeiro o Sr. Olívio de Paredes e depois deste o Ti’Joaquim da Ponte da Mucela.

O que não é normal nisto tudo é que me apercebi que já não faz parte de grande parte das pessoas este costume. Passou lá por casa o meu tio Alfredo na companhia de outra pessoa e como é hábito, bocado de presunto e queijo, vinho e uma broa quente… A exclamação do senhor à saída foi de satisfação porque segundo ele há muito tempo que não tinha o prazer de comer uma broa caseira a sair do forno.

Não há nada como partir um bocado de broa quente à mão… presunto, chouriço, queijo ou marmelada (velha e escura, de preferência!) a acompanhar! E o copito!
Mas, padeiros, continuem com o vosso serviço de distribuição porta-a-porta pois de manhã sabe sempre bem ao pequeno-almoço, o vosso pão fresquinho!

Este post foi para quebrar um pouco dos assuntos da festa, mas ainda há muito material e para não saturar, meti esta “buchinha”!

Um abraço,
JC

7 comentários:

Pedro M. S. disse...

Convido o blog de S. Paio do Mondego a visitar o meu, "O GRANDE ABEL".

Desde já os meus agradecimentos e votos de bom trabalho.

Abel

Anónimo disse...

Isto de cozer o pão tem uma certa ciencia! Já tive a sorte de me calhar um pedacinho da broa da D. Emilia, que mesmo depois de estar a residir em Lisboa à tantos anos não perdeu esse dote de amassar e cozer pão em forno de lenha.Parabens e pf continue...

kordeiro disse...

Por acaso é curioso, pois a minha mãe veio para Lisboa com 20 anos e nunca esqueceu as tarefas de casa/campo... Nisso o meu pai é mais trapalhão, mas tb veio mais cedo (com 12 anos, acho eu!). E casas diferentes... os meus avós do Val-de-Açores viviam quase exclusivamente do que a terra dava.

Temos a nossa horta, vinha, árvores... Não sei se está para breve ou não um regresso ás origens. Eles é que sabem.

Eu sempre que posso e apareço num "evento social", lá vou eu com uma broa debaixo do braço.. E uma coisa que me dá gozo, é cortar uma fatia de broa com uma navalha.. há doidos para tudo!

Alexandre disse...

O Jorge, nem de prepósito! Tenho uma a espera!

Fica bem!

Andreia Catela disse...

Adoro broa caseira acabadinha de sair do forno... Se for acompanhada com manteiga, é uma perdição! E o bolo de cebola que a minha avó faz??!! Delicioso! Até já fiquei com água na boca...

Anónimo disse...

E as sardinhas pequeninas assadas num tabuleiro depois de tirar a broa? Uma maravilha! Perguntem ao "peidinho" como é...

kordeiro disse...

Não resisto a colocar este comentário que quase dava um post.

Na época em que os meus avós eram vivos, era hábito semear cevada, milho, centeio e aveia.

Havia depois a colheita, secagem e a malha (lá ia o Ti’Zé do Pátio com as suas alfaias).

Enchiam-se as arcas (enormes, de madeira…) e de vez em quando lá passava o moleiro, primeiro o Ti’Olívio de Paredes, com a sua Ford Transit antiga verde, em que o habitáculo estava forrado a calendários com mulheres nuas (fazia a delícia de qualquer adolescente!), enviava-se um saco de algum cereal (nuns sacos de pano) para serem moídos. Eles retiravam a “manquia”(??) e traziam a farinha.

Amassava-se a broa nas gamelas de madeira (que a ASAE não sonhe!) e usava-se como fermento, o “crescento” que não era mais do que um pouco da massa que tinha ficado da última amassadura, que entretanto estava levedada.

Metia-se a broa para o forno e com a restante massa, que já não dava para uma broa grande, normalmente fazia-se um bolo de cebola, ou de chouriço… e lá ficava um pouco de massa a levedar para a vez seguinte…

E lá se vão esses tempos…..