Partiu para outras paragens desconhecidas, no entanto o seu corpo já um pouco cansado e velhote, regressou à terra que há muitos anos atrás, ele adoptou para viver. Fazendo vida de “caseiro” e junto com um irmão gémeo falso, por aqui começou a sua luta, na altura bem difícil! Com uma postura brilhante e honesta, de sabedoria restrita à experiência da vida, dado que as letras mal as conhecia, por aqui foi fazendo a sua vida até que procurou outros rumos e a exemplo de milhares e milhares de Portugueses, emigrou para França, tentando dar um outro futuro aos seus filhos.
No dia 13 de Junho disse aqui no blog, que estava à espera dele, mas, infelizmente, já não o voltei a ver. Hoje foi a enterrar no cemitério da sua terra e nem aí o pude acompanhar infelizmente. É triste dizer adeus a um amigo, mas mais triste ainda, é não ser capaz de aceitar o sofrimento, porque passam os nossos amigos, não ser capaz de acreditar, não ser capaz de abrir um sorriso a quem espera por ele, não ser capaz de alimentar uma esperança, não ser capaz de sentir a verdade, quando ela dói em demasia.
O Bandeira, homem de trabalho, de dedicação à família, homem daqueles à moda antiga, acabou por ser traído por uma doença, que não era a que o trazia mais preocupado. Depois de operado ao coração, reviveu para a vida como se fosse um homem novo, mas infelizmente, algo ainda mais grave ditou o seu destino e agora junto de Deus pede por nós, espera por nós, na paz que conquistou terra.
Foi nosso Juiz na Irmandade Nossa Senhora das Neves, meu amigo, reservado no trato, protector da família, cauteloso nas decisões, com alguma mágoa por não saber escrever mas, sempre participativo, amigo do seu amigo e um lutador e que não merecia por isso, ser derrotado desta forma inglória, contudo o controle dessa parte que é o final da nossa vida, não é nosso, é de alguém que vai apagando e acendendo as luzes, controlando tudo com sabedoria infinita.
E agora Bandeira, nada mais há a fazer, simplesmente acabar por soltar uma lágrima ou outra, ainda esquecida num canto do olho, rezar para que esteja junto dos bons e tentar que o seu exemplo de homem de paz e harmonia, de homem honesto e trabalhador, de homem simples e humilde, se mantenha por cá entre nós e que os que lhe foram mais próximos mantenham no respeito da sua memória, todas estas virtudes que lhe eram particulares.
Descansa em paz amigo Bandeira e que as lágrimas já de saudade, corram aos teus pés numa homenagem destes amigos e familiares que contigo conviveram e que já sentindo a tua falta sabem que Deus te deu a paz que merecias.
À esposa, filha, filhos, netos, bisnetos, noras e genro e restante família, o blog de São Paio de Mondego envia os mais sentidos pêsames e eu em particular, só consigo humildemente pedir desculpa, por não vos ter acompanhado mais de perto nestas horas tão difíceis, mas infelizmente, sabem como sou e como fiquei de há uns anos para cá.
* por António Catela
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Uma nota: a foto que coloquei neste texto mostra um local onde eu (Jorge) me habituei desde miúdo a ver o ti' Bandeira: a sua vinha no Val-das-Casas (com S. Paio ao fundo). Um símbolo que mostra a dedicação e a vida de um homem a um pedaço de terra que era a sua "menina" querida. Certamente irei muitas vezes à varanda e relembrar a sua imagem quando por lá andava... e continuará a andar!
Um abraço,
JC
4 comentários:
Os mais sentidos pêsames a sua família.
Há momentos que nem sabemos o que dizer! Assim como ontem nem sabia o que dizer ao Vitor…
Por mais que se tenha noção de que a vida é assim, nem sempre temos de aceitar… e há coisas que não sabemos como aceitá-las! O pesar é muito maior no seio da família mas, como diz o ditado, quem não se sente não é filho de boa gente. O ti’Bandeira é uma daquelas pessoas afáveis, era impossível não se gostar dele, sempre amigo, sempre sorridente, bem disposto. Vi-o pela última vez no domingo de Páscoa em que ele me disse que não andava nada bem… havia qualquer coisa que não batia certo. É caricato, uma pessoa que se tratou de um problema cardíaco grave, tinha tudo para durar uns anos valente e foi traído!
No Domingo cruzei-me novamente com ele (já só em corpo) sensivelmente no mesmo sítio em que o tinha estado com ele na Páscoa. Como disse, tenho uma vista privilegiada sobre uma vinha que ele cuidava como se de um filho tratasse e será difícil não me recordar dele quando olhar para lá.
Um abraço para a família!
JC
Os meus mais sinceros sentimentos para toda a familia,eu sei quanto se sofre quando se perde alguem querido pois ja passei por là.
Neste momento de dor e tristeza quero agradecer a todas as pessoas que de qualquer forma estiveram junto de nós nestes tempos tão dificeís.É verdade que sao paio ficou mais pobre. OBRIGADO a todos
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