segunda-feira, 13 de junho de 2011

À ESPERA DE VOCÊS...

Estou quase a chegar aos cinquenta anos e agora me apercebo cada vez com mais evidência, que nesta aldeia pequenina onde apareci por acaso e que conheci com outro nome, um nome bem mais bizarro, estão grande parte dos amigos da minha vida. Aqueles, que de uma forma ou de outra me acompanharam ao longo dela, da qual fizeram parte, que me entusiasmaram, que me ajudaram, que me levantaram a moral quando foi preciso, estão agora a ficar velhotes e isso traz o despertar das doenças, a falta do sorriso, o afastamento, a solidão.

Escrevo estas linhas, para dedicar algumas palavras que trago dentro de mim, a dois amigos especiais e que passam nesta altura por momentos terríveis e que enfrentam a doença em hospitais. Escrevo-lhes estas palavras de forma tão visível, porque não sinto coragem para lhes dizer pessoalmente o que me vai na alma. Não sou capaz de os ir ver aos hospitais, mas vou sofrendo em silêncio na escuridão dos momentos de solidão que tenho e vou perguntando pela sua saúde, pela sua recuperação, aos amigos que encontro e em especial a quem lá trabalha e que mais em pormenor vai sabendo aquilo porque vocês estão a passar.

As notícias vão chegando devagarinho arrancadas a ferros e no ar vai pairando um silêncio que não quero ouvir, contudo, dói cá dentro e a par de outras preocupações, vou nas minhas orações rezando por vocês, pedindo a Deus que vos ajude a passar esta fase da vossa vida de uma forma mais serena, menos indolor e com alguma alegria no rosto.

Sei que devia ir visitar-vos, mas são tantas as pessoas a ir aí e também me falta a coragem para vos ver nestes momentos tão difíceis. Às vezes sinto-me triste por ser assim, mas não consigo mudar a minha maneira de ser e de estar. Espero que voltem depressa à vossa terra, que vos recebeu há muitos anos atrás, para os braços dos vossos familiares e para o convívio dos vossos amigos. Nós, que por aqui vamos estando, esperamos ansiosamente o vosso regresso e desejamos sinceramente as vossas rápidas melhoras.

Voltem depressa, ANTÓNIO BANDEIRA e JOSÉ NEVES.
________________

* por António Catela

3 comentários:

BRUNO MATEUS disse...

Realmente é muito triste, tambem espero que eles melhorem dentro do possivel

kordeiro disse...

Há pessoas que passam pela nossa vida e nem sequer damos por elas… há outras que nos marcam para a vida! O Zé Neves como o ti’Bandeira são pessoas que marcam uma geração, assim como outros.

Vê-los em situações delicadas de doença é complicado. Por vezes perguntamos o porquê de um humano ter de sofrer na mão de doenças que ainda fogem ao controlo da medicina!

Vi-os na Páscoa, espero voltar a vê-los de regresso a casa com alguma saúde.

Um abraço!

António Costa disse...

Infelizmente o ti Bandeira já não regressará a casa. Já está à nossa espera no outro lado da vida. Paz à sua alma.
Meu tio por afinidade, era um homem bom com quem mantive sempre cordiais relações.
São Paio fica mais pobre porque perde mais um homem bom.
A toda a restante família apresento as minhas sentidas condolências.
António Costa