sexta-feira, 3 de julho de 2015

Morreu a ti' Virgínia Baptista!


S. Paio de Mondego volta a ficar de luto. Podemos dizer que a idade já era avançada, que foi para o Céu…para aqueles que acreditam, que já tinha vivido tudo…que o tempo dela se tinha esgotado, mas não era preciso sofrer tanto.

Mais uma vez quis ficar com a recordação que tinha dela, aquela cara magrinha, sempre de sorriso aberto, as rugas marcadas vincadamente num rosto bonito e que parecia eterno. Não a quis ver sofrer, talvez por cobardia, talvez por medo, talvez porque me impressionasse vê-la lá naquele quarto de hospital. Fui perguntando notícias e as coisas que me diziam, foram-me preparando para este desfecho. Deus assim quis…

Hoje será o seu funeral pelas 17 horas, o seu corpo vai descer à terra no cemitério da terra que sempre amou, que sempre trouxe no coração. Para mim, acho que apesar de todas as maleitas que a apoquentaram nos últimos tempos, acabou por viver feliz. E digo isto porque esteve sempre rodeada da sua querida família e sobretudo perto daquela sua incansável neta Minda Ramos. 

Tanta vez que íamos em viagem e passava lá por casa para ir buscar a Minda e ela logo aparecia e dizia: “Olhe que você vá devagar, cuidado com a estrada!”. A sua preocupação não era eu como deveis calcular, era a sua neta.

Tanta vez, ficávamos até mais tarde no edifício da Junta a trabalhar, porque não tínhamos empregados que fizessem o trabalho e a Ti Virgínia lá aparecia para trazer uma sandes e um sumo para a neta, ou simplesmente vinha dizer com naturalidade mas com preocupação: “Minda, já chega por hoje, precisas de ir dormir, amanhã vais para Seia!”. Sempre com aquele cuidado extremo.

Outras vezes e porque sempre foi assim naquela casa, dormitava ela para um lado, o ti’Jaime Baptista para outro…no fundo, quase tudo dormitava naquela sala à lareira, como que esperando que todos chegassem a casa para então poderem dormir descansados.

A mim dizia-me muitas vezes “Não se preocupe tanto, olhe que nunca mais ninguém fará tanto como você já fez por esta terra”… E sabem, isso dava-me força! O carinho e a ternura com que dizia as coisas era emblemático, contudo também sabia ser a mestre da casa, sendo que na maior parte das vezes, queria era que fosse possível todos serem felizes.

Muitas lágrimas vão correr, eu sei. Os corações vão entristecer e o luto será feito naturalmente mas uma coisa vos digo: não sei porque às vezes é tão difícil morrer, não sei porque é preciso sofrer tanto, não sei porque se tem que ser não é logo, mas como é Deus que comanda a vida e a morte, que seja feita a sua vontade sempre. 

Até um dia minha amiga!
Catela

1 comentário:

Anónimo disse...

Os meus sinceramos pêsames para toda a família.
António Costa