quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Mais um ano passou na aldeia...


Meus amigos,

Nove dias passaram já do mês de Janeiro! Desejo um excelente 2013 para todos!

A vida na aldeia pouco muda com ou sem a crise! Sempre me lembro dos meus avós levarem a vida deles indiferentes a tudo. O dia nascia, havia o trabalho agrícola para fazer, animais para tratar…  os dias passavam uns atrás dos outros.

Li há uns dias numa página do Facebook a seguinte frase: “Luxo é ter o que poucos conseguem viver. Viver na aldeia é, cada vez mais, um luxo”. Eu sorri… porque quem está fora, entende o sentido da expressão, quem vive na aldeia provavelmente muitos dias nem se lembra deste pormenor.

A aldeia é um sítio pequeno, onde todos se conhecem, onde tudo se sabe, onde se sabe onde este ou aquele vai ou foi, o que aconteceu ontem, a que hora chegou o vizinho a casa ou quem fazia barulho às 5 da manhã na estrada… E pergunto eu, e será assim tão mau? Saturante…? Por vezes acredito que sim... mas isso passa! 

Eu vivo num bairro com meia dúzia de ruas, conheço alguns vizinhos de passagem, os colegas do ginásio aqui no bairro (tenho de arranjar uma horta para cavar!), no prédio somos 20 fracções, estou cá há 11 anos.  Não conheço metade deles e alguns dos que conheço não foi pelas melhores razões. Posso ir ao café que não encontro o Tóino, o Zé, o Manel, etc… encontro alguns desconhecidos ou aquele sujeito que simplesmente cumprimentamos. Mas é diferente do cumprimento que eu sempre fui habituado a fazer na aldeia! Sempre me disseram para falar a todos! Será assim tão mau viver na aldeia…?

Está aí um mais um ano! Aproveitem e desfrutem da aldeia. Retirem dela o melhor que este sítio tem. E quem está fora, não esqueçam as raízes! Há sempre alguém para vos receber, há sempre um sorriso à vossa espera…

Um texto um pouco estranho para princípio de 2013 mas vem aí coisas mais engraçadas.

Até já,
JC

4 comentários:

António Catela disse...

Grande texto Kordeiro, arrancado lá do fundo e atirado para cima das nossas consciências. Viver na aldeia, apesar dos prós e contras é sempre beber do mais profundo da humildade e da rusticidade. Viver na aldeia, já não é para todos...é para aqueles que ainda apreciam o sossego, a paz, mas também o associativismo, o bairrismo. Eu adoro viver na aldeia e quero continuar a ser feliz nela, apesar de todos os contras que possam existir. Daí, aqui ter construído a minha casa da Caixa Geral de Depósitos que me custa suor e sangue e que vale muito menos do que aquilo que me custou. Um abraço e parabéns pelo texto!

kordeiro disse...

Abraço do Catela: check!

Vamos à luta, Alcaide!
Até breve!

a costa disse...

Como em tudo na vida, há as vantagens e os inconvenientes. Nasci, cresci e vivi a maior parte da minha vida na aldeia. Hoje, e devido à situação profissional, troquei a aldeia pela cidade.
Deixo-vos um texto que fazia parte do programa de ensino da 4a classe na década de 60 do século passado. Aí estão bem evidenciados os prós e os contras, quer da aldeia, quer da cidade.
Um grande abraço.
António Costa

Diálogo- "A CIDADE E A ALDEIA"

- Quem és tu, assim tão simples?
- E tu, quem és a final?
- A nobreza da cidade !
- Aldeia de Portugal!
- Tenho lindas pedrarias, jóias mil de muitas cores!
- Eu tenho maior riqueza nas minhas lindas flores!
- Tenho risos, alegrias, divertimentos constantes.
- Tenho a música dos ninhos e canções inebriantes
- Tenho luz de noite a jorros, e não me levas a palma!
- Tenho o sol durante o dia, de noite a luz da minha alma!
- Vivo em palácios vistosos, que abundam pela Cidade!
- E eu, num casebre pequeno que o sol beija com vaidade!
- A história fala de mim, porque tenho algum valor
- Tambem tenho a minha história, escrita com o meu suor
- Tenho o luxo que tu vês, próprio da minha grandeza
- E eu, o luxo e a vaidade, de gostar da singeleza!
- Todos os que passam por mim, param sempre no caminho ...
- Quantos gostam de me ver, perfumada a rosmaninho!
- Sou mais rica do que tu, que nada tens afinal!
- Tenho aqui dentro do peito a alma de Portugal!!!

(texto de Abílio de Mesquita)

Pedro Viseu disse...

É na Aldeia que aprendemos a viver os verdadeiros valores da vida. É na Aldeia que a solidariedade e a amizade mais se manifestam. Não fossem esses inquebrantáveis laços, a Aldeia nunca poderia ser o refúgio que nos aliviasse das enganosas e agitadas vidas das cidades ou das vilas.