sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

AUSTERIDADE


Meus amigos,

Sobre este tema e, devido à natureza dele não me vou alargar aqui no blog, achei um texto no Facebook no qual identifiquei muitas situações que aconteciam e acontecem em S. Paio ou das quais, ainda me lembro bem, dos meus avós e pais contarem... 

Achei um texto interessante!

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Era pequenino, ainda me lembro bem de ouvir dizer como era, com milhares de aldeias sem luz eléctrica, sem água canalizada e sem saneamento básico...
Ainda me lembro bem...

Na minha aldeia poucos iam à escola e não havia médicos nem automóveis...
Ainda me lembro bem...

Uma sardinha dava para três e carne só nos dias de festa.
Ainda me lembro bem...

Andávamos descalços, as casas eram frias e a água era gelada.
Ainda me lembro tão bem...

Na minha aldeia tínhamos luz da vela que nos iluminavam conversas em família, à lareira, até horas tardias, antes de nos deitarmos nas camas de palha, quentinhas, pois os animais, ali mesmo por baixo do soalho, aqueciam o ambiente.
Ainda me lembro bem...

Não tínhamos restaurantes, mas cultivávamos tudo o que comíamos, das hortaliças às batatas, do centeio ao trigo, das galinhas aos porcos, pelo que na nossa mesa a fartura poderia não existir mas também nunca soubemos o que era fome!
Ainda me lembro bem...

Na minha aldeia não havia banco nem empréstimos, mas sempre que algo era preciso os vizinhos estavam sempre ali, para nos ajudar a ir ao médico da cidade, para nos socorrer no incêndio ou para nos ouvir, simplesmente. 
Ainda me lembro bem... 

Na minha aldeia não tínhamos grandes superfícies comerciais, mas trocávamos tudo o que era necessário para não passar fome, não tínhamos financiamento para comprar uma caixa, a que lá na cidade chamam apartamento, mas todas as famílias construíam a sua própria casa, com a ajuda dos filhos, dos irmãos e dos vizinhos. No "dia da placa", parte mais dura da construção, todos apareciam para ajudar, a fazer a massa, acartar as vigas e espalhar o cimento.
Ainda me lembro bem...

Na minha aldeia não havia sindicatos, mas todos nos defendíamos dos desconhecidos, todos defendiam os mesmos valores sociais, todos condenavam quem ofendia o outro.
Ainda me lembro bem...

Na minha aldeia não havia União Europeia, mas havia a união das famílias, que se discutiam entre si e se defendiam perante os outros, que se amavam e cresciam, que se olhavam nos olhos e trabalhavam em prol de um futuro melhor. 
Ainda me lembro bem...

Na minha aldeia nunca imaginamos um mundo assim, com pessoas desesperadas por não terem emprego nem quererem trabalhar, por pessoas que preferem a ilusão da cidade ao realismo do campo, por pessoas que estendem a mão por uma esmola e outras que desviam o olhar, por pessoas que abandonam os idosos porque acham que estes já passaram de validade, por pessoas que ganham milhões e ainda criticam quem produz e ganha tostões, por pessoas que com nada se preocupam a não ser com o seu umbigo, por pessoas que mais parecem animais. 
Ainda me lembro bem...
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Lá para 2ª feira volto com notícias fresquinhas de S. Paio!

Um abraço,
JC

2 comentários:

António Costa disse...

Na minha aldeia era como na tua.

C.Duarte disse...

Na minha aldeia não havia alcatrão!
Ainda me lembro da estrada ser empedrada e cheia de buracos. Ainda me lembro andar descalço a jogar a bola e arrancar as unhas nos calhaus.