segunda-feira, 27 de setembro de 2010

JANTAR DE DESPEDIDA DO PADRE CORREIA - FOTOREPORTAGEM

Meus amigos,

Tal como foi anunciado aqui no blog, cumpriu-se na passada 5ª feira, dia 23, uma humilde homenagem ao Padre António Correia Alves, que como também já é do conhecimento de todos, celebrou a sua última missa enquanto Pároco de S. Paio, no passado domingo.

A população aderiu em força a esta iniciativa e estiveram presentes no Restaurante “O Relvão” cerca de 120 pessoas que desta forma, se despediram num ambiente de alguma consternação, sem termos a certeza de uma nova nomeação para as Paróquias do alto concelho. O Padre Correia levou consigo também uma moldura com um papiro em prata, com uma mensagem, recordação oferecida pela população. A mensagem dizia:

No tempo que passa a correr
Perpetua-se a gratidão
Deste povo Sampaiense
Pelos 19 anos de dedicação
”.

Existem neste momento várias homenagens agendadas em várias localidades do alto concelho de Penacova, e do concelho de Arganil, que resumem quase 20 Anos de actividade sacerdotal de um pároco que apesar da sua timidez e simplicidade muito fez pela construção de uma Igreja diferente pelas freguesias destes 2 concelhos. Ele não vai para longe, ficando pela Paróquia de Mortágua.

O António Catela, na qualidade de representante da freguesia, leu o seguinte discurso:

Assim, como quem não quer a coisa, chegou o senhor Padre de mansinho a S. Paio de Mondego e a pouco e pouco, foi reconquistando os corações desta gente humilde e trabalhadora, que se tinha acometido de injustiças no passado e das quais ainda mal se encontrava reposta. Agora, independentemente da nossa vontade, também sai pé ante pé, em direcção a outras paragens, para continuar a cumprir a missão que Deus lhe reservou na terra, aceitando de bom grado e humildemente os Seus desígnios.

Durante dezanove anos do seu tempo pastoral, passamo-lo juntos e pode crer que somos gratos por isso. A sua presença foi serena e nada inquietante, exemplar até na atitude e soberana na ajuda da tomada de decisões. O senhor esteve connosco em muitas horas boas, mas também nas horas de trabalho, de luta, de aventura, no arriscar confiando e acreditando. Assim, conseguimos duas obras, às quais o senhor ficará ligado para sempre, o restauro da Igreja Matriz, no seu interior e o arranjo total, da Capela Nossa Senhora das Neves, nas Ermidas.

Na Igreja Matriz deu o exemplo, fazendo o seu donativo e pertencendo à comissão que se constituiu. Nessa altura, este povo maravilhoso levantou-se e uns com os braços, outros com as pernas, outros com dinheiro, ajudaram a fazer um restauro que parecia impossível de realizar, para uma terra tão pequenina, com meia dúzia de habitantes. No total, gastamos cerca de onze mil contos, sem saber muito bem de onde veio tanta ajuda. Na capela das Ermidas, a coragem voltou a vencer e continuando a acreditar, foi possível efectuar a reconstrução, que ultrapassou os sessenta e cinco mil euros.


Em todas as circunstâncias, manteve sempre aquela serenidade imprescindível, para levar a bom porto o seu rebanho e isso foi-o conseguindo, mostrando-nos o caminho que devíamos percorrer, servindo de lanterna e trazendo-nos alguma luz e paz, para os nossos corações outrora feridos, abatidos e fracos. Criou em todos nós, um espírito de união que ainda perdura e que nos tem ajudado a suprir as nossas dificuldades. Isso só foi possível de conseguir, com esse seu jeito simples, humilde e atencioso de nos ouvir, de nos atender e de nos fazer compreender. Insistindo, sempre nos disse na Eucaristia, que os milagres, as bênçãos e todas as coisas boas, só acontecem nas nossas vidas, se nós as procurarmos com o coração.

Às vezes, com aquele sermão metódico e estudado, parecia que se escudava por trás das palavras, que também por vezes não saíam com aquela fluência que se calhar desejava, mas o importante, é que cumpria a sua missão, sem um lamento, sem um queixume, tantas vezes notando-se no rosto, o cansaço de tantas missas, de tantos Kms e de ouvir tantas ovelhas tresmalhadas e sem rumo, exigindo cada vez mais de si.

Vivemos consigo estes novos tempos difíceis porque passa a Igreja, ao não existirem vocações para tanto serviço pastoral, e de si, nunca ouvimos uma palavra que não fosse de apoio, no encontrar de soluções, na procura de consensos, de carinho e acima de tudo com o coração em Deus, rezando por todos nós.

Claro que agora vamos sentir a sua falta, como se nos tivessem arrancado um membro, mas em comunidade, vamos procurar suprir essa falta, guardando as marcas que deixou em cada um de nós, rezando para que o Senhor Bispo, não deixe de encontrar um outro pastor para este rebanho, que sozinho, não vai conseguir encontrar alimento espiritual.

Durante dezanove anos sentimo-nos protegidos, tínhamos um amigo fiel e verdadeiro e sentíamo-nos bem com esse tesouro e, se como diz o ditado, por trás de um grande homem, está sempre uma grande mulher, pode crer que por trás duma grande comunidade, estará sempre um grande Pároco.

O nosso caminho vai continuar e o senhor estando longe, ficará no entanto bem perto, porque continuaremos a ouvir falar de si, talvez até com mais trabalho e dedicação nas novas paróquias que vai assumir. Os anos continuarão a passar copiosamente por todos nós e creio, que piores tempos ainda virão com toda a certeza, até que novas soluções sejam encontradas, pelas altas individualidades da Igreja Católica, para que rejuvenescendo e comprometendo-se com os novos sinais deste novo mundo, possa renovar-se, encontrar-se, perdoar e ser perdoada, encontrando finalmente o caminho e o rumo certo para Deus.

A si, Padre Correia Alves, Deus o ajude e abençoe nesta nova missão, que é no fundo igual a tantas outras. Que continue a acreditar que é possível, nestes novos tempos proclamar a fé, viver e acreditar na paz, sonhar com um mundo quase perfeito, onde a procura constante de Deus se torne um imperativo. Nós não lhe diremos adeus, mas um até breve que pode ter a duração de um minuto, ou de uma vida.

Termino, Padre Correia Alves, agradecendo-lhe em nome desta paróquia de S. Paio de Mondego, todo o tempo que nos dedicou e tudo o que fez por nós, sem olhar a meios nem vontades.

S. Paio de Mondego, 23 de Setembro de 2010


Muito obrigado, Padre Correia! Um até breve!



2 comentários:

Catela disse...

Não há dúvida de que foi uma grande homenagem, prestada por um povo que não se assusta com as dificuldades.
Da minha parte, o meu agradecimento sincero!
Foi lindo!

cristina duarte disse...

Houve emoção nas palavras do discurso do Catela que resumiam os 19 anos assim como nas palavra de resposta do Sr. Padre, que nos pôs uma lagrima no olho e um sorriso nos lábios. Mas a missa de domingo seguinte foi muito bonita, a igreja quase cheia, a escolhas das canções do coro, a espontaneadade do Sr. Padre em acompanhar o coro, e no fim depois das suas palavras de despedida, foi entregue um ramo de flores acompanhado de um texto lido a todos os presentes, que novamente nos deixou a todos com as lagrimas a correr. Deixo aqui um Obrigado tambem à Sandrina, à Ema, pela sua dedicaçãodestes anos todos, e a todas que durante estes anos se juntaram a elas dando mais vida à nossa igreja.