Meus amigos,
Hoje volto ao blog para vos falar de mais um trabalho do campo: fazer queijo fresco!
Desde que me lembro ser gente, recordo-me da minha avó Mabília fazer queijo de mistura do leite de cabra e ovelha.
Sempre no Val-das-Casas existiu “vivo”, que é como quem diz, animais domésticos. As cabras e ovelhas não fugiam à regra e assim sendo os meus avós dedicavam-se à pastorícia! Todos os dias à tarde, ela “deitava” o gado para o campo. Lá ia ela até à Gândara, Vale-de-Açores ou até mesmo para a Ribeira do Lagar.
Antes de saírem do curral, os animais eram mugidos e esse leite ficava a coalhar! Coalhar? Sim! Então, deixava sempre o leite numa panela e juntava-lhe um pouco de água onde tinha sido demolhado um pouco de cardo (depois de previamente passado por um pano de modo a filtrar qualquer particula sólida que se soltasse das flores). O cardo acho que todos conhecem e assim dispensa apresentações. Um pouco das flores em água, solta uma enzima chamada de cardozina que, basicamente, faz o leite passar do estado líquido ao sólido. É coagulante vegetal, e assim não é necessário nada químico. Ah, ao leite a minha avó também juntava um pouco de sal.
Ao princípio da noite, depois de regressar do campo, de tratar do resto dos animais e de jantar, a minha avó lá ia até à “loja do azeite”. Ela trabalhava a coalhada manualmente de modo a retirar o soro, mais precisamente o lacto-soro (é daqui que depois se faz o requeijão, mas este costume nunca existiu em nossa casa). À medida que ia espremendo a coalhada, ia enchendo as formas! Estas formas não eram mais do que latas de salsichas que o meu avô cortava, virava e batia os bordos para não cortarem e depois fazia uns furos na lateral. Só mais tarde é que se arranjou uns aros em plástico.
Enchendo os aros e sempre apertando bem a massa, para assim o queijo não ficar com bolsas de ar no interior, algum soro restante acabava por sair dos furos.
Acabando a coalhada, a minha avó colocava um pouco de sal de um topo e de outro e ficavam a escorrer num prato até ao dia seguinte, altura essa que estavam prontos para irem para secar, em cima de conjunto de prateleiras de madeira que estavam penduradas na loja do vinho! Uns eram consumidos frescos, outros deixavam-se secar e comiam-se já mais rijos e outros iam para dentro de um recipiente fechado com azeite. Passados 4 ou 5 meses estavam óptimos!
Perdi a conta a quantos queijos destes comi! Já devem ter reparado que escrevo deste tempo com saudade. Tinha os meus avós comigo! Hoje também, mas só em pensamento!
Um abraço,
JC
-Hoje volto ao blog para vos falar de mais um trabalho do campo: fazer queijo fresco!
Desde que me lembro ser gente, recordo-me da minha avó Mabília fazer queijo de mistura do leite de cabra e ovelha.
Sempre no Val-das-Casas existiu “vivo”, que é como quem diz, animais domésticos. As cabras e ovelhas não fugiam à regra e assim sendo os meus avós dedicavam-se à pastorícia! Todos os dias à tarde, ela “deitava” o gado para o campo. Lá ia ela até à Gândara, Vale-de-Açores ou até mesmo para a Ribeira do Lagar.
Antes de saírem do curral, os animais eram mugidos e esse leite ficava a coalhar! Coalhar? Sim! Então, deixava sempre o leite numa panela e juntava-lhe um pouco de água onde tinha sido demolhado um pouco de cardo (depois de previamente passado por um pano de modo a filtrar qualquer particula sólida que se soltasse das flores). O cardo acho que todos conhecem e assim dispensa apresentações. Um pouco das flores em água, solta uma enzima chamada de cardozina que, basicamente, faz o leite passar do estado líquido ao sólido. É coagulante vegetal, e assim não é necessário nada químico. Ah, ao leite a minha avó também juntava um pouco de sal.
Ao princípio da noite, depois de regressar do campo, de tratar do resto dos animais e de jantar, a minha avó lá ia até à “loja do azeite”. Ela trabalhava a coalhada manualmente de modo a retirar o soro, mais precisamente o lacto-soro (é daqui que depois se faz o requeijão, mas este costume nunca existiu em nossa casa). À medida que ia espremendo a coalhada, ia enchendo as formas! Estas formas não eram mais do que latas de salsichas que o meu avô cortava, virava e batia os bordos para não cortarem e depois fazia uns furos na lateral. Só mais tarde é que se arranjou uns aros em plástico.
Enchendo os aros e sempre apertando bem a massa, para assim o queijo não ficar com bolsas de ar no interior, algum soro restante acabava por sair dos furos.
Acabando a coalhada, a minha avó colocava um pouco de sal de um topo e de outro e ficavam a escorrer num prato até ao dia seguinte, altura essa que estavam prontos para irem para secar, em cima de conjunto de prateleiras de madeira que estavam penduradas na loja do vinho! Uns eram consumidos frescos, outros deixavam-se secar e comiam-se já mais rijos e outros iam para dentro de um recipiente fechado com azeite. Passados 4 ou 5 meses estavam óptimos!
Perdi a conta a quantos queijos destes comi! Já devem ter reparado que escrevo deste tempo com saudade. Tinha os meus avós comigo! Hoje também, mas só em pensamento!
Um abraço,
JC
5 comentários:
Ola! Como é bom relembrar a maneira de fazer esses belissimos queijinhos. Quando eu devia têr cinco ou seis anos, lembro-me que vinha uma velhota ao bairro onde morava,duas vezes por semana. Em cima de um burro, que tinha uma pequena caixa de madeira de cada lado, nas quais trazia os seus queijinhos frescos feitos da madrugada e que custavam quatro tostões cada um.
Oh! Velhos tempos,meus ricos velhos tempos!!
Muito obrigada, por ter trazido a minha memoria esses meus tempos de criança.
Um abraço a todos
L. ANDURAO
Bom post amigo Jorge, só é pena eu não gostar de queijo...
Excelente post Jorge, mesmo muito bom.Pode ser que aquele senhor que me enviou um abraço, suponho eu da Alemanha, goste também.
Não há dúvida de que este tipo de postagens ainda hão-de servir para alguma coisa, quanto mais não seja para alguns recordarem e outros "aprenderem".
Um abraço amigo, e logo já estarei por Lisboa na zona de Cascais.
Parabens!Pelo blog esta 5 estrelas!
Esta è a segunda vez que entrei nele,mas vou entrar mais vezes para ver noticias da terra onde fiz a escola primaria, a catequese,e tambem onde passei parte da minha infancia! Ja passaram alguns anos que nao passo por S.Paio, tenho saudades!E bom ter pessoas que lutam pelos interesses da terra,mas è de lamentar pessoas que criticam com o serviço dos outros, como tive oportunidade de ver nos comentarios...Força Kordeiro, de momento nao estou a ver quem è mas de certeza que devo conhecer,mas quando for a Portugal faço questao em conhecer pessoalmente! aqui fica uma vez mais os meus parabens!! Abraço grande ao pessoal de S.Paio.
Jose Brito (Lyon France)
Grande Zé Brito!!!
Se és quem eu penso, claro que sabes quem eu sou! A referência melhor é que sou o primo do Zézito do Val-das-Casas, o Jorge que está em Lisboa.
Quase 3 anos de blog!!! Com a ajuda de todos, cá continuamos na luta! Vai aparecendo, no blog e em S. Paio!
Um abraço!
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