Meus amigos,
Hoje volto ao blog para vos mostrar algumas tarefas que ainda fazem parte do quotidiano da nossa aldeia.
Há dois anos mostramos aqui a vindima em todo o seu esplendor… este ano, damos continuidade a este tema, mostrando o que acontece depois das uvas apanhadas e esmagadas.
Assim sendo, depois do período de fermentação, o vinho é retirado dos tanques (ou outro recipiente onde foi esmagado), para os pipos, ou hoje em dia para vasilhas de inox. Os pipos têm de ser bem lavados de restos de borras que tenham ficado do ano anterior. Caso as vasilhas tenham estado vazias algum tempo, verifica-se se estão estanques. Normalmente, pequenas fugas são resolvidas com algumas horas em água (assim o inchar da madeira ajuda a vedar) ou então um pouco de sebo.
Os pipos, depois de cheios, ficam assim algum tempo ainda abertos pois o vinho continua a fermentar. Por vezes é necessário atestar com mais vinho pois a fermentação vai expelindo para o exterior algumas impurezas e cascas dos bagos de uva que tenha passado.
Por curiosidade, o tipo de fermentação que o vinho sofre é o mesmo tipo do que o pão sofre. A diferença é que no vinho o dióxido de carbono é libertado e o álcool é retido, no caso do pão é o contrário: o álcool é libertado e o dióxido de carbono é retido no interior. Por isso é que o pão tem aqueles buracos no interior. São as bolsas de gás (dióxido de carbono) que se formam. A maioria dos acidentes com consequências trágicas que ocorrem durante esta tarefa está ligado a esta reação química. Quando se houve nas notícias que alguém morreu num tanque de vinho enquanto esmagava as uvas, na maioria dos casos a morte não é causada pela inalação dos gases, mas por afogamento. O dióxido de carbono na maioria dos casos só provoca o desmaio da pessoa que ao cair inanimada acaba por se afogar dentro do tanque.
Tirado o vinho, fica o mosto que vai servir para fazer a aguardente vínica. Mas isto fica para outro post!
Um abraço,
JC
Hoje volto ao blog para vos mostrar algumas tarefas que ainda fazem parte do quotidiano da nossa aldeia.
Há dois anos mostramos aqui a vindima em todo o seu esplendor… este ano, damos continuidade a este tema, mostrando o que acontece depois das uvas apanhadas e esmagadas.
Assim sendo, depois do período de fermentação, o vinho é retirado dos tanques (ou outro recipiente onde foi esmagado), para os pipos, ou hoje em dia para vasilhas de inox. Os pipos têm de ser bem lavados de restos de borras que tenham ficado do ano anterior. Caso as vasilhas tenham estado vazias algum tempo, verifica-se se estão estanques. Normalmente, pequenas fugas são resolvidas com algumas horas em água (assim o inchar da madeira ajuda a vedar) ou então um pouco de sebo.
Os pipos, depois de cheios, ficam assim algum tempo ainda abertos pois o vinho continua a fermentar. Por vezes é necessário atestar com mais vinho pois a fermentação vai expelindo para o exterior algumas impurezas e cascas dos bagos de uva que tenha passado.
Por curiosidade, o tipo de fermentação que o vinho sofre é o mesmo tipo do que o pão sofre. A diferença é que no vinho o dióxido de carbono é libertado e o álcool é retido, no caso do pão é o contrário: o álcool é libertado e o dióxido de carbono é retido no interior. Por isso é que o pão tem aqueles buracos no interior. São as bolsas de gás (dióxido de carbono) que se formam. A maioria dos acidentes com consequências trágicas que ocorrem durante esta tarefa está ligado a esta reação química. Quando se houve nas notícias que alguém morreu num tanque de vinho enquanto esmagava as uvas, na maioria dos casos a morte não é causada pela inalação dos gases, mas por afogamento. O dióxido de carbono na maioria dos casos só provoca o desmaio da pessoa que ao cair inanimada acaba por se afogar dentro do tanque.
Tirado o vinho, fica o mosto que vai servir para fazer a aguardente vínica. Mas isto fica para outro post!
Um abraço,
JC
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13 comentários:
Muito interessante, este post!
Parecendo que não, é uma actividade em declínio (da parte de quem faz o vinho, claro, e não tanto da parte de quem o bebe, lol!), porque com o estilo de vida cada vez mais urbano das nossas aldeias o pessoal começa a comprar o vinho em vez de o fazer, que dá menos trabanho, e o trbalho muitas vezes já não compensa o lucro que se tem na nossa pequena agricultura.
Mas, claro, o vinho caseiro tem a vantagem inestimável de ser 100% de uva e sem sulfitos ou outros aditivos.
A destilação do bagaço, de que falas e prometes publicar noutro post está ainda mais em declínio. Cá na minha Lomba são cada vez menos os que fazem vinho, e aguardente menos ainda, mas ainda há pelos menos um resistente, o Sr Arménio, vejam neste link:
http://lombadearganil.blogspot.com/2009/09/o-alambique-e-as-garrafas-com.html
Segui o link para o post das vindimas (ou melhor, apanha das uvas!) de há 2 anos atrás. Gostei particularmente da t-shirt que dizia «SÃO PAIO NA NET»: muito fixe!
sobre as t-shirts podes ver aqui http://saopaiodemondego.blogspot.com/2007/08/resumo-da-semana_10.html como elas são.. frente e costas!
uma ideia que surgiu no 1º ano do blog para ajudar à divulgação.. e claro , que o Carlos a vestiu para ficar 5* no post das vindimas!
abraço
O grande problema de fazer a aguardente em alambique tradicional é o trabalho. O pessoal prefere levar o mosto ao lagar e fazer a aguardente lá. É muito mais rápido e não dá quase trabalho nenhum. No meu ver, o produto perde a qualidade toda e o sabor também não tem semelhança alguma com a que sai do alambique tradicional…!
Ora vamos cá dar umas cabeçadas, mas para variar um pouco, vamos fazê-lo todos devidamente identificados. Pode ser???
Amigo Kordeiro, aqui no meu vocabulário, mosto, é o sumo da uva quando ela é espremida, antes da fermentação ou antes de ferver. O que sobra para depois fazer aguardente, eu cá chamo-lhe cardaço. Ou como li no blog da lomba, cadarso.
Então como ficamos??????
Alexandre escreveu: "Amigo Kordeiro, aqui no meu vocabulário, mosto, é o sumo da uva quando ela é espremida, (...). O que sobra para depois fazer aguardente, eu cá chamo-lhe cardaço. (...).
Então como ficamos??????"
Olha, lá em casa tb sempre se chamou cardaço.. mas na net não encontrei referência a tal e assim preferi usar a expressão "mosto"... foi essa a questão, mas como te digo lá em casa é cardaço....
certamente tb não sou a melhor pessoa para afirmar se é assim ou não...
hasta!
Fui ver ao dicionário.
E o meu dicionário diz:
Cardaço: [regionalismo] bagaço de uvas.
Mosto: 1. sumo de uva antes de se completar a fermentação; 2. suco de qualquer fruta que contenha açúcar, quando em fermentação.
Mas descobri que aqui na Lomba às vezes também se chama mosto àquilo que fica e se aproveita para a aguardente.
Quanto ao «cadarso», como digo no blogue da Lomba, o meu dicionário está contra mim:
Cadarso: 1. barbido dos casulos de seda; 2. tecido feito de seda ordinária; 3. nastro; 4. [Brasil] atacador.
Enfim, nada a ver...
No entanto, isto é linguagem popular, e na linguagem popular por vezes a mesma palavra tem significados completamente diferentes de terra para terra.
Como disse, na Lomba oiço pessoas a chamar «mosto» ao que se aproveita para aguardente, por isso talvez o Kordeiro não esteja de todo errado.
Quanto ao cadarso, de facto parece que não tem nada a ver, mas o que é certo é que aqui na Lomba toda a gente diz «cadarso». Aliás, foi por isso que escrevi «cadarso» sem sequer me questionar, sem me pôr a pensar se estaria bem ou mal.
Mas talvez não devamos ser rígidos porque, como digo, é linguagem popular e, portanto, muito variável.
É como a palavra bagaço: o que é que quer dizer? É o "cadarso" que se tira do tanque ou é a aguardente já feita? Até há lugares onde se chama bagaço aos restos da azeitona esmagada, depois de fazer o azeite, é uma palavra que serve para as uvas e para as azeitonas.
Bom... desta vez também vou meter a colher, apesar de não ser especialista da matéria...(mas que há por aí muitos, ai isso há!)
Quanto ao mosto, ao cardaço ou ao cadarso, estamos conversados, se bem que eu ache que os termos mais consensuais são mesmo "bagaço" e "engaço". Decerto que na linguagem popular encontraremos dezenas de designações para este desgraçado, que foi espremido até à última gota e, de seguida ainda vai ser queimado (destilado) para produzir a famosa aguardente.
E a razão do meu comentário é precisamente a designação desta aguardente. Não é, como afirmas no post, “vínica” mas sim “bagaceira”.
A aguardente vínica é obtida a partir da destilação do vinho e é utilizada como corrector (incrementador) do grau alcoólico dos vinhos e na produção de aguardentes envelhecidas em madeira, normalmente carvalho, vulgarmente designadas por aguardentes velhas.
Esta aguardente, porque deriva do tal engaço ou bagaço de uva, designa-se por “bagaceira”, também conhecida na referida linguagem popular pelo seu diminutivo “bagaço”.
Fica o esclarecimento, com um abraço do
(AC) António Coimbra
Sempre a aprender….!
Obrigado!
Abraço!
Chegou uma das mais bonitas estaçoes do ano, e com esta o vinho. Sera a bebida dos Deuses? Portugal tem uma das mais importantes zonas vitiviniculas do mundo!Consideremos entao o tao famoso e reconhecido vinho do Porto(Douro),passando pela tao nossa zona do Dao, nao esquecendo a Bairrada,Cova da beira,Alentejo, Ribatejo...
Este "bem" vindo da natureza para a nossa mesa,quando bebido em moderaçao,é sem duvida muito proveitoso para nos e para a nossa saude!
De facto nao devemos deixar morrer esta tradiçao de o fazer "em casa" apesar de alguns acidentes ocorrerem,ms com prevençao tudo se resolve!
Tratemos bem a agricultura como ela nos trata bem a nos...
Saudaçoes cyberneticas,
pedro ribeiro
"botem" vinho na mesa!!!!! Até o comemos!!!
É verdade que pelos diversos sítios por onde tenho passado, tenho encontrado diversas denominações para o mesmo significado...
por mim escrevo: É verdade que pelos diversos sítios por onde tenho passado, tenho encontrado diversas sabores para o mesmo néctar...!
:-)
hasta!
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