quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Tradições Populares - A Descamisada...

À semelhança de outros anos e mais uma vez por iniciativa do Rancho Folclórico Etnográfico de S. Pedro de Alva, realizou-se no dia 15 de Setembro de 2007, uma descamisada à moda antiga, e este ano foi em Laborins.

O objectivo é manter viva esta tradição dos nossos antepassados dando a conhecer aos mais novos uma actividade que se vai perdendo, e para os mais velhos é o recordar de uma tradição popular.

Assim os elementos do rancho naquela noite fizeram de actores e lá foram desfilando pelas ruas cantando com as cestas das espigas à cabeça, os candeeiros a petróleo, a cesta com a bucha, os panais, os manguais, os ancinhos e rodos, os crivos e o meio-alqueire. Chegados à eira os rapazes e raparigas juntaram-se numa roda à volta das espigas e iniciaram a descamisada. Cantaram, dançaram e sempre que aparecia uma espiga vermelha (milho-rei) foi logo motivo para abraços e momentos de alegria entre eles, recordando assim outros tempos.

Depois da descamisada não faltou os figos secos, as bolachas acompanhadas com a jeropiga. Por fim os elementos mais velhos do rancho demonstraram como se malhava as espigas com os manguais, ergueram o milho com o crivo e mediram com o meio alqueire, para depois ensacar a colheita do milho para o ano todo.

A desfolhada terminou com um baile ao som da tocata, onde o rancho convidou todos os que estavam a assistir para dançar.

Esta iniciativa não remunerada está de parabéns porque ainda vai sendo bem aceite por todos. Estava bastante gente a assistir, rindo e intervindo no que estava a acontecer.

Como esta freguesia de S. Paio tem actualmente oito elementos neste rancho, achei que podia partilhar com todos vocês algumas fotos desta descamisada.





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*texto e fotos enviados por Cristina Duarte

12 comentários:

kordeiro disse...

e uma bela de uma descamisada à luz do PETROMAX!!!!?? Quem não se lembra do saudoso PETROMAX? Existe ainda dois no Vale-das-Casas.... é que lá por essas bandas a luz eléctrica só chegou em 1983. Ainda existem candeeiros a petróleo e o PETROMAX. Acredito que na Gândara de Cima também existam alguns, pois a luz electrica chegou há meia dúzia de anos....

Anónimo disse...

Parabéns ao rancho e a todos os que contribuem para que estas tradições não fiquem perdidas no tempo!

Alexandre Madeira

Anónimo disse...

Os meus sinceros parabéns também ao rancho de S.Pedro de Alva. Que consigam resistir ao passar dos tempos e que tentem fazer esta descamisada também nesta Freguesia de S.Paio. Acho que serão bem recebidos e a nós todos faria muito bem e a mim melhor porque ainda não vi nenhuma.Claro que tenho muitas desculpas mas se calhar não são verdadeiras nem do fundo do coração porque já devia ter visto. Obrigado por partilharem connosco estas fotos. Um abraço a todos.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Andreia Catela disse...

"descamisada", "panais", "manguais"e "crivos" são exemplos de palavras que não fazem parte do vocabulário de grande parte das pessoas (da minha idade) que conheço, talvez porque são pessoas sem ligações á vida no campo, talvez por falta de mais iniciativas como esta...

Apesar de não ter visto esta descamisada á moda antiga, foi engraçado ver estas fotos! Obrigada Cristina!

E Muitos Parabéns ao Rancho Folclórico Etnográfico de S. Pedro de Alva!!

Anónimo disse...

Recordar faz bem ao corpo e à mente.
Vivi em parte estas tradições. Recordo-me de quando não havia ajuda mecânica para malhar o milho e era tudo feito manualmente.
O milho era colhido e depois levado para as eiras onde se procedia à descamisada, à luz de candeeiros a petróleo, porque na maioria das vezes esses trabalhos faziam-se à noite para aproveitar os tempos livres do pessoal.
A malha era normalmente feita durante o dia, e quase sempre por homens, porque aquilo puchava um bocado pelo físico. Bebia-se a água pelos barris de barro. E que tão frequinha que ela era. Hoje hà congeladores e outras coisas mais, mas nem sempre a energia eléctrica chegou onde era necessária.
Na minha aldeia, os locais para a secagem do milho estão afastados da povoação, para assim se aproveitar o maior número possível de horas de sol. Hoje esses locais estão, na maioria dos casos, abandonados, fruto das melhorias trazidas por outras formas de viver e trabalhar.
Cumprimentos a todos
A. Costa

kordeiro disse...

os manguais... já não sou do tempo do seu uso mas o meu falecido avô Francisco fazia questão e muito bem, de me ensinar as artes do campo e assim me ensinou a trabalhar com ele. Mas houve anos que também não falhava a malha do milho. E lá ia eu todo contente para cima da máquina de malhar espigas do Ti Zé do Pátio... bons tempos em que eu passava 2 e 3 meses em São Paio.

Anónimo disse...

Queria dar os meus sinceros parabéns ao Rancho e em especial aos "protagonistas" que na minha opinião estavam excelentes ;)
Muito bons... :D

MM disse...

É com algum orgulho que vejo que ao contrário do que se poderia pensar,as pessoas não esquecem as suas raizes e as suas tradições.
Parabéns aos que ajudam a manter viva as nossas tradições e recordações.
Houve quem dissesse que as consequências da modernização seriam o esquecimento do que somos e do que temos de melhor.
Temos além de um vocabulário muito rico também uma cultura vastíssima, hoje se fizessemos um inquérito há aos nossos jovens quase nenhuma das palavras como petromax, panais, maguais, fazem parte do seu vocabulário.
Hoje com quase 30 anos de vida posso afirmar que foi muito positivo ter vivido a minha infância e juventude numa aldeia, palavras como humildade, respeito pelos mais velhos (o facto de tratarmos as pessoas por "Ti João, Ti Manel; mesmo não sendo da nossa familia mas muitas vezes como se fossem), claro que hoje até as aldeias vão mudando!

MM disse...

Mas jamais esquecerei o pisar os cachos com o meu avô, descamisar milho, fazer agua ardente, roubar fruta e protecção para as quedas de bicicleta só se fosse o chão.
Arracar batatas e depois ir tomar banho ao rio.
É verdade nessa altura se os filhos andassem a trabalhar com os pais chamava-se, ajudar os pais; hoje chama-se exploração do trabalho infantil.

kordeiro disse...

MM disse...
(...)o facto de tratarmos as pessoas por "Ti João, Ti Manel; mesmo não sendo da nossa familia mas muitas vezes como se fossem),(...)

só uma curiosidade: quando a Susana (a cara-metade!) começou a ir a São Paio, eu ia-lhe dizendo quem eram as pessoas. Ás tantas, virou-se para mim e disse-me: "mais vale tu dizeres quem não é de todo da tua família... já entendi que os mais velhos são tios e os mais novos são primos...!" Fácil, hein!!?

Anónimo disse...

Parabéns aos meus colegas do rancho... :-D