Antes do grande acontecimento do final desta
semana, ainda vou a tempo de vos falar da malha do centeio/aveia.
Não vou trazer histórias do mangual, que muitas
vezes são retratadas e trazidas até aos nossos dias através de Grupos
Etnográficos e Culturais, a fazer lembrar tempos antigos (com o mangual, eu
também não me lembro…), mas vou trazer fotos e um pequeno filme da malha do
trigo já com uma máquina, igual a uma que o ti’Zé do Pátio trazia nesta altura
a S. Paio. Era ele no meu tempo de adolescência que tinha uma alfaia destas e
fazia as malhas na povoação. Podia lá andar um mês que tinha serviço para todos
os dias… ou quase, vá!
Estas belas fotos e vídeo chegaram até mim pelo Zé
Alberto que conseguiu captar este momento à entrada do Povo, quem vem do lado
das Gandâras.
Vou relatar o que me lembro desta alfaia… a máquina chegava toda
fechada! Escolhido o sítio junto aos molhos do centeio/aveia, calçava-se a
máquina de modo a que ficasse na horizontal (sem inclinações laterais).
Enterrava-se meia roda, mais um barrote do outro lado e assim, com a ajuda de
um nível de bolha se estabilizava a alfaia.
Eram abertas as plataformas na dianteira da máquina, uma para servir
de “chão” aos operadores, a outra servia de “mesa” de trabalho. Preparavam-se
os sacos para depois recolher a semente, e na traseira da máquina alguém com
uma forquilha pronta para começar a tirar a palha.
Duas pessoas para cima da máquina e cá em baixo alguém para chegar os
molhos…
Tudo tinha uma técnica! Quem chegava os molhos à pessoa da máquina
tinha o cuidado de passar os molhos com lado do atilho (ou seja, o lado do laço
da correia que atava o molho) virado para cima e o topo do molho onde estavam
as sementes virados para a frante, de modo que ao operador fosse só preciso
desatar a correia e enfiar o molho com a para da semente a ir à frente para
dentro da máquina. Tinha de ser tudo com uma certa ligeireza pois a máquina
parecia uma esfomeada a “engolir” os molhos…
A palha saía pela traseira da máquina, aquilo tinha uns blocos de
madeiras que se moviam alternadamente na vertical como se estivessem a pedalar…
iam assim empurrando a palha para fora. No final, era engraçado observar a
gata lá de casa! Não se esquecia ano após ano que por debaixo daqueles molhos
de centeio e aveia, que estiveram alguns dias no mesmo sítio era comum
aparecerem alguns ratitos da terra… a gata lá ficava pacientemente à espera por
esse momento e era caçada certa!
A malha levantava um pó fino pelo ar próprio da palha. Mesmo com
lenços atados na zona do nariz e boca, era comum andar um dia ou mais a soltar
porcaria do nariz e garganta.
Estas fotos e vídeo fazem-me recordar muitos e bons tempos de
adolescência. Recordar os campos que os meus avós cultivavam, a Gandâra
cultivada, quando se ia recolher os molhos ao campo, etc., etc….
Estas fotos são da malha pertencente à Adélia e à Fernanda Pinto.
Muito obrigado por nos fazerem recordar tempos bons… VEJAM AQUI O VIDEO!
Ao nosso repórter… obrigado e espero que estejas recuperado para
sexta!
Até breve,
JC
1 comentário:
obrigado, pela sua imagem lá - incluindo a minha tia e minha avó, é bom vê-los saudáveis! Estevão Rodrigues de França
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