Meus amigos,
Já há uns tempos andava para escrever sobre a feira mensal de S. Pedro d’Alva. Não é sobre a nossa aldeia mas é um evento que nos abrange a todos e quanto mais recuarmos no tempo, maior importância ele assume.
Já há uns tempos andava para escrever sobre a feira mensal de S. Pedro d’Alva. Não é sobre a nossa aldeia mas é um evento que nos abrange a todos e quanto mais recuarmos no tempo, maior importância ele assume.
A feira mensal que ocorre em S. Pedro d’Alva, ao sábado, entre os dias
22 e 28 de cada mês, não só é um local de transacções económicas, ou seja, de
compra e venda, assim como se torna num local de convívio e de alguma
actividade paralela. Eu já explico isto.
Lembro-me da Feira ser realizada ainda no centro de S. Pedro d’Alva,
tendo o Largo em frente à Caixa Agrícola e no Largo em junto dos Correios a
maior concentração de feirantes, a parte
de “comes-e-bebes” ficava ali onde hoje é o jardim com as casas de banho
públicas, estendia-se cá para cima até junto da igreja e lá por baixo até à
Fundação.
Era uma aventura nestes dias atravessar a feira de carro, pois, por
exemplo quem queria ir para Hombres não havia alternativas, ou mesmo só até ao
fundo do povo.
Mas falemos um pouco da importância da Feira. O mercado da Distribuição
Moderna, chega a estas localidades muito mais tarde. Hoje com as vias existentes, facilmente
se chega aos grandes centros onde a oferta é mais que muita. Todas as localidades têm cafés, mini-mercados
(a venda…!), mas a feira era sempre a feira.. para comprar um pouco de
bacalhau, para ir buscar umas couves, cebolo ou alfaces para plantar, alguma
árvore de fruto, pitos, os talhos
ambulantes, ferramentas, móveis e a roupa. Quem dos mais antigos nunca foi à
feira comprar um fato ou pelo menos um casaco “de qualidade”? Perguntem aos
pais e avós onde foi comprado aquele casaco de pele que eles vestem há anos… Regatear
o preço na feira também é permitido!
Numa época em que as povoações viviam muito da agricultura, a feira
assumia um papel importante pois também era o local onde podiam realizar algum
fundo de maneio para as despesas daquilo que a terra não dava, como alguma
massa, arroz, café e o açúcar… Aproveitava-se para vender os queijos frescos
(ou secos) que se faziam em casa, vender uns ovos, etc… Era assim que se vivia
em tempos que já lá vão mas bem presentes na memória de muitos. Acho (e aqui
posso estar enganado) que logo de manhã também se realizava a feira dos bois. Ou
seja, a oportunidade de se vender / trocar os animais que faziam parte
fundamental de uma casa que trabalhasse na agricultura. Só um pequeno
comentário, tenho pena e não sei se haverá alguém que tenha uma fotografia da
última junta de bois que existiu em S. Paio. Se não estou em erro, deverá ter
sido do Zé Neves. Do que eu me lembro ainda bem, eram as juntas do Zé Neves, Zé
Manel, Zé Bandeira, Quim Neves e do Luis das Ermidas… não me recordo assim de
mais ninguém … posso estar errado. Estou a falar de década de final de 80, princípio
de anos 90.
Voltando à feira, quando eu falei de convívio e negócios paralelos, era
também por esta ocasião que se ia à feira para se ver o senhor X ou Y e tentar
fazer alguns negócios, fossem eles de venda de terras, madeira, encomendar um
serviço de tractor, etc… Os telemóveis não existiam e fazer negócios há uns
anos era na presença da pessoa e selado com um aperto de mão…
As feiras constituíram-se num espaço de encontro de produtores,
consumidores e distribuidores, ao mesmo tempo em que procuravam superar as
dificuldades de comunicação.
Muitos que iam à feira prolongavam a sua passagem por lá e aproveitavam
para comer um frango de churrasco em algumas das tendas que eram autênticos restaurantes.
Por tudo isto, a feira assumiu sempre um papel fundamental e a sua
importância económica é inquestionável.
A próxima é dia 26 de Maio…!
Vamos passar por lá…!
Um abraço,
JC
4 comentários:
Excelente postagem Jorge.
A espera e ansiedade, terminam sempre assim numa coisa boa.
Claro que falas do que eram as feiras mas, agora são um pouco diferentes por causa dos "lelos".
E negócios selados com aperto de mão, também não acredito.
Sabes os homens são diferentes, muito diferentes!
Um abraço
;-)
Sobre os apertos de mão, ainda há homens de palavra. E isso basta...!
Um grande abraço!
e os bois do campones ????
esses já não são de minha lembrança, mas aqui fica o apontamento da minha falha! obrigado!
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