Apesar de já andar na “baila” há muito tempo, a hipótese de fecho da estação de correios de S. Pedro de Alva, volta de novo a pressão por parte dos CTT, no sentido de que o fecho aconteça o mais depressa possível. O denominado alto concelho ou “terras de Mondalva, como as descrevia Carlos Proença no seu livro”, se isto acontecer, vai perder mais alguma qualidade no serviço que é prestado à população.
Sendo os CTT uma empresa pública, que presta serviço público no âmbito das comunicações, devia a mesma melhorar cada vez mais os seus serviços e não amputá-los aos cidadãos. Todos nós reconhecemos que os tempos são difíceis, mas, por isso mesmo, há que haver empresas de serviço público com responsabilidades acrescidas que devem primar por manter os seus serviços abertos. Se assim não for, este interior tão perto do mar, vai a pouco e pouco ficando deserto.
Este país não pode, sob pena de nos afundarmos, viver todo no litoral e plantado à beira mar, mas se continuarem a fechar as escolas, as extensões de saúde, as estações de correio, não haverá outra forma de se poder continuar a viver neste país, senão a de irmos todos atrás das instituições, do desenvolvimento, do progresso e abandonar ao Deus dará estas terras, tornando-as num extenso eucaliptal rodeado de matagal e silvas.
Podem vir com todo o tipo de argumentos, mas o que vai sempre ser realçado é a natureza economicista da questão. Deixando para trás todas as questões de índole social e do dever de praticar um cada vez melhor serviço público e muitas outros argumentos que estarão do lado de quem paga o serviço público, ainda fica a oportunidade que alguns terão de beneficiar com este encerramento.
Para além de tudo isto ainda se coloca o problema que passará a existir, caso os serviços passem a ser realizados por uma empresa privada, ou um particular, que é a de garantia de sigilo que um funcionário dos correios está obrigado, e que não sabemos como poderá ser garantido a partir daí.
Os CTT têm um problema para resolver em S. Pedro de Alva e que engloba pelo menos mais cinco Freguesias, mas de certeza que ouvindo e escutando a população e os que foram eleitos por elas, encontrarão outras soluções mais viáveis e mais fáceis de entender. Não escolham a solução mais fácil e míope de fechar estas estações das Freguesias rurais, como fecham ou abrem as das grandes cidades, porque aqui a vida pulula há volta de cada instituição. Uma estação de correios até fez com que alguém doasse temporariamente o edifício, e pode ser muito mais do que um distribuidor de correspondência, assim o entendam e queiram os responsáveis.
A liberalização está em voga e contra mim falo que defendo alguma, mas há limites que devemos procurar respeitar e há serviços que pela sua importância, devem tentar manter-se em zonas rurais, porque, a sobrevivência destas comunidades depende destas estruturas locais. Há serviços praticados pelo estado que nunca poderão ser completamente liberalizados e este é um dos casos. Só o Estado pode garantir serviços postais viáveis, que ofereçam um serviço universal de qualidade a um preço acessível.
Fechar as estações dos CTT, leva a tudo isto de que já falei, mas também a entregas mais demoradas e ao retirar de funções que se podem considerar de serviço social, como o pagamento de reformas e afins. Domingo, lá estarei às dez horas para ouvir e ser melhor esclarecido e se for o caso, dizer de minha justiça. Apareçam também!
António Catela