quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A festa... vista por dentro (como nós, mordomos, vivemos a festa)

Faltavam apenas alguns minutos para as 21h30 quando, no sábado 3 de Agosto, cheguei finalmente ao arraial das Ermidas. Uma aparente calma tomava conta do local. Parei o carro, depois de uma viagem relâmpago de Lisboa a S. Paio e de um longo dia de trabalho que parecia não ter fim, muito por culpa da ansiedade que já se tinha apoderado de mim há alguns dias. O recinto estava deserto, tirando a presença de alguns elementos da mordomia que finalizavam pormenores no bar. Aproveitei, também eu, aquela pausa e dei um pulo a casa para retemperar forças e ganhar fôlego para a agitada noite que se avizinhava. Pouco depois das 22h voltei às Ermidas. As pessoas começavam a chegar e o arraial a ganhar vida. Estava tudo a postos para a noite de baile com o conjunto Banda Pátria. A partir daí, na minha memória, as horas seguintes passaram como segundos. A agitação era tanta que pouco tempo tive para me aperceber do que se passava. A dada altura, depois de tanta lima espremer para as concorridas caipirinhas e para os ainda mais solicitados caipirões, dei por mim a levantar os olhos e a reparar que o recinto tinha sido inundado por um número sem fim de cabeças. Do fundo do bar pensei que há muito não via uma noite tão concorrida. O baile acabou mas para nosso espanto, não foram só os jovens que permaneceram para o After Hours mas muito mais gente quis espreitar o que a noite ainda prometia. 5h30 da manhã, o Diogo passava a derradeira música. Num último impulso de energia, ainda apanhámos os copos espalhados pelo arraial e deixámos o trabalho facilitado para a equipa de mordomos que chegaria mais cedo no dia seguinte. 6h da manhã, já a luz do dia marcava presença, quando literalmente nos arrastámos até casa.

Domingo, 9h da manhã, já o despertador berrava aos meus ouvidos. O cansaço de tantas horas de pé fazia-se agora sentir, bem mais presente do que na noite anterior. Levantei-me ainda mais cansada do que me tinha deitado. Com três horas de sono em cima, lá me dirigi para a Igreja Matriz onde era necessário organizar a procissão. Equipas formadas, lá seguiu o cortejo estrada fora. Seguiu-se a missa na capela, com a inconfundível voz da Carla Pais, à qual ainda consegui prestar uns segundos de atenção, abstraindo-me da azáfama que havia no bar. Com tanto uso que já dávamos às máquinas de bebidas, um barril de cerveja acabou por rebentar e o Alexandre – devidamente fardado para a Filarmónica – ainda levou um belo banho. Finda a missa, a pouco e pouco, todos se foram dispersando, concedendo-nos a nós, mordomos, umas breves horas de acalmia. Ainda que em almoços relâmpago, lá nos fomos revezando, para cada um poder ir trincar qualquer coisa a casa. Devo confessar que me sentei à mesa e praticamente não tinha fome mas adormeci sentada, tal era o cansaço.
Regresso às Ermidas. Café à pressão e toca a montar de novo as barracas do artesanato. Filarmónica, Tuna e workshop de dança seguiram-se na tarde de Domingo. Mais uma pausa relâmpago para ir jantar e lá estamos nós de novo. Mesmo antes do baile começar, as pessoas já faziam número junto ao dancing para ver o anunciado desfile. Os participantes aglomeraram-se na escola primária para vestir a fatiota... eram cerca de 15. 23h lá vai tudo num passo apressado até ao recinto, já que o baile não podia tardar muito mais. Acompanhados por uma apresentação completamente improvisada, lá foram desfilando os participantes. Já agora aproveito para dizer que escolhemos entregar diplomas porque nos pareceu ser o mais adequado ao tipo de evento que era. Têm tanto valor quanto as medalhas, uma vez que referem o local, a data, etc. e estão devidamente assinados pelo presidente da Comissão de Festas. Terminado o desfile, seguiu-se o baile. Moda do ramo... exclusivamente feminina. O baile terminou e as pessoas começaram a dispersar, não havendo After Hours à vista. Toca a arrumar comidas, bebidas e a apanhar copos do chão. 4h da manhã... acho que o meu carro foi em piloto automático para casa.

Segunda-feira, missa de manhã e alguns de nós ainda fizeram uns quantos quilómetros para encontrar galos e cântaros destinados aos jogos tradicionais. Desta vez, almoço mais calmo mas logo a seguir direcção Ermidas para organizar as actividades da tarde. Percurso da gincana montado, cântaros suspensos e mesas para o bingo colocadas junto ao bar. Começaram as sessões de bingo, prolongando-se até ao início do leilão. Os jogos acabaram por ser tomados de assalto pelos miúdos, enquanto os graúdos riscavam números na esperança que a sorte batesse à porta. Ainda o bingo decorria quando a agitação entre os mordomos começou a ser visível. O conjunto não aparecia, ninguém atendia o telefone. Os nervos, preocupação e indignação tomaram conta de nós. Devo dizer que se não fosse o João Santos, manager do conjunto de sábado, as coisas não se teriam resolvido tão rapidamente e bem. Incansável, desdobrou-se em contactos e acabou por nos arranjar os Roda Viva que, apesar de não terem o seu vocalista disponível, acabaram por vir com um de outro grupo, que prontamente se disponibilizou. Nisto tudo eram 19h. O pessoal começou a deslocar-se para a zona de merendas. A fome era pouca, tal era o stress que tínhamos. 21h, chega o conjunto. Pareciam dotados de 1001 mãos tal foi a rapidez com que montaram o material. Foram jantar, também eles num ápice. Para fazer face ao compasso de espera lá se jogaram mais umas partidas de bingo. Aqui a minha memória falha, não sei que horas eram quando a música começou mas a paciência de todos permitiu que segunda-feira não fosse um total fracasso, muito pelo contrário! Tendo em conta a hora tardia de arranque, o arraial até estava bastante animado e o conjunto acabou por se revelar uma agradável surpresa. Tive oportunidade de ver os AIKISOM – conjunto que estava previsto – em Lisboa, nos Santos Populares, e a sua não comparência acabou por ser uma boa coisa. Os Roda Viva foram bastante superiores. Actuaram mais horas do que estava previsto e, no final, juntaram-se a nós para mais uma noite de After Hours, desta vez com o Rui Almeida. Depois das noites de sábado e domingo, nas quais já tinham surgido alguns indícios, os sérios candidatos às cabras desenhavam-se cada vez melhor.
No decorrer da noite houve uma descoberta que nos entristeceu profundamente. Depois de já termos encontrado a casa de banho das senhoras vandalizada, foi a vez de alguém fazer o mesmo na parte masculina. Não sabemos quem o fez e acaba por ser irrelevante mas é inadmissível que estas coisas aconteçam. Foram construídas casas de banho para a comodidade das pessoas que frequentam o arraial. É um local difícil de manter limpo e este ano tudo fizemos para que o estivesse, a pensar em quem as utilizaria. È inacreditável que estas coisas se passem, seja neste ou noutro ano qualquer. Quem o fez não tem sentido cívico nem se sabe comportar numa sociedade. É vergonhoso que actos destes se pratiquem só pela vontade de querer estragar.

Terça-feira, finalmente mais algumas horas de sono. 16h, Ermidas. A tarde foi penosa, altura em que o cansaço acumulado já nem as pernas nos deixava mexer normalmente. Aula de aeróbica, na qual já nem sequer me atrevi a participar. Depois, sardinhada para preparar, mesas para dispor para a noite de fados e de repente já as pessoas começavam a aparecer, vindas do campo de futebol. Qual é o nosso espanto quando, as mesas postas para a sardinhada começaram a ser poucas para tanta gente. Improviso de última hora e a Associação lá nos safou, emprestando mais umas mesas. Devo dizer que, desde que me lembro, nunca vi uma sardinhada tão preenchida e tão participada como esta.
Hora de se cantar o fado. Apagaram-se as luzes, as pessoas instalaram-se como puderam. Fez-se silêncio e só as velas em cima das mesas davam sinal de vida. Recinto cheio. Muitas vezes me emocionei nessa noite mas no momento em que os mordomos foram chamados ao palco para cantar o último fado foi difícil de conter a emoção. Ao ouvir os versos «Coimbra tem mais encanto, na hora da despedida...» vieram-me as lágrimas aos olhos porque, para todos nós, era realmente a hora da despedida e a saudade já pesava. Apesar de todo o trabalho, de alguns acontecimentos inesperados, do cansaço extremo e das noites por dormir, no fim ficou a sensação de dever cumprido.
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Tomo a liberdade de falar em nome de toda a Comissão de Festas 2008 para dizer que todas as iniciativas que tivemos este ano foram com o exclusivo intuito de proporcionar uma festa inesquecível a todos os habitantes da terra, porque foi graças a eles e para eles que a fizemos. Não pensámos no lucro que iríamos ter, pensámos sim em dinamizar o arraial. Já agora, aproveito para deixar aqui uma sugestão: quem tiver ideias para a próxima festa, proponha-as à nova Comissão, tal como fizeram connosco a Andreia e Carla Catela. Em vez de deixarmos a festa morrer, como em muitas outras terras, podemos, se quisermos, todos contribuir para que o recinto não se resuma apenas ao bar e à quermesse mas sim a um conjunto de actividades que encham as Ermidas de vida.
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* texto enviado por Andreia Costa

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

3º JANTAR DE ACHADIÇOS

Pois é caros amigos, cá estou eu para vos dizer, como decorreu o 3º jantar dos achadiços.

Desta vez o jantar, foi no restaurante “O Casimiro” e estiveram presentes 23 achadiços, sendo que eram treze homens e dez mulheres.

O ambiente esteve sempre agradável e pala primeira vez fomos bem servidos, comendo primeiro um bacalhau à casa que estava divinal e de seguida lombo assado com puré de batata.


Foram também servidas excelentes sobremesas, conforme cada um pediu.

O vinho foi de qualidade e como sempre as mulheres ofereceram uma prenda aos homens que, foi umas garrafas de vinho espumante Aliança e os homens ofereceram um bolo da comemoração conforme está nas fotos.

De seguida uns ficaram no Karaoke que havia lá no restaurante e outros foram dormir que já se fazia tarde.

A acta como sempre foi feita e desta vez pelo achadiço António Costa.

Os que vieram pela primeira, confessaram que gostaram e que vão voltar a aparecer.
Aqui ficam algumas fotos que foram possíveis tirar durante o jantar. -





































Texto do Catela e fotos do Catela / Cristina
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A fornada...

Há coisas na vida que com o tempo vão sendo cada vez mais raras…. Muitas mentes estarão neste momento a divagar por pensamentos, mas o que me refiro é mesmo ao cozer a broa em casa.

No fim-de-semana prolongado de 15 de Agosto, como alguns sabem e viram, estive em S. Paio. A minha mãe, na manhã de sábado amassou e cozeu broa lá em casa. Uma coisa normal quando estamos em S. Paio. Hoje em dia, algumas das matérias-primas não serão de tão boa qualidade como é o caso das farinhas e do tempo em que o moleiro ia à porta, primeiro o Sr. Olívio de Paredes e depois deste o Ti’Joaquim da Ponte da Mucela.

O que não é normal nisto tudo é que me apercebi que já não faz parte de grande parte das pessoas este costume. Passou lá por casa o meu tio Alfredo na companhia de outra pessoa e como é hábito, bocado de presunto e queijo, vinho e uma broa quente… A exclamação do senhor à saída foi de satisfação porque segundo ele há muito tempo que não tinha o prazer de comer uma broa caseira a sair do forno.

Não há nada como partir um bocado de broa quente à mão… presunto, chouriço, queijo ou marmelada (velha e escura, de preferência!) a acompanhar! E o copito!
Mas, padeiros, continuem com o vosso serviço de distribuição porta-a-porta pois de manhã sabe sempre bem ao pequeno-almoço, o vosso pão fresquinho!

Este post foi para quebrar um pouco dos assuntos da festa, mas ainda há muito material e para não saturar, meti esta “buchinha”!

Um abraço,
JC

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

FOTOS DAS ERMIDAS - O DESFILE



Para quem gosta de ver, aqui ficam mais fotos da Festa das Ermidas, neste caso do desfile de roupas recicláveis.

De realçar o trabalho e empenho que todos tiveram em se apresentar com as melhores ideias, desde o papel, a DVD'S, jornais, sacos de serapilheira, pacotes de café, enfim um mundo de coisas que, às vezes nem pensamos que num meio tão pequeno, pudessem sair tais ideias.

Não há dúvida de que me admirei e por isso aqui ficam os meus parabéns à organização mas, em especial a todos os participantes que estiveram brilhantes.

Pena foi, na minha opinião pessoal que, não pudéssemos explorar mais este desfile, em termos ambientais mas, não nos cabe só a nós fazer por isso.

Acho que deixaram exemplos, brincando com as coisas e é assim que se deve consciencializar o mundo em geral, apesar de que...!!!
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Fotos enviadas por Diana /Zé Alberto e texto do Catela.
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